O minuto


por Orson Peter Carrara.

Solicito ao leitor refletir sobre as inúmeras decisões, muitas delas difíceis e em meio a pressões de diversas origens, que diariamente lhe desafiam o raciocínio. Isto na vida particular e pessoal. Mas há ainda as questões coletivas das autoridades, por exemplo, ou dos pais, dos empresários, governadores e mesmo na área internacional. Seja na economia, na educação, nos embaraços contra a violência e tudo mais. Pois acompanhe comigo o texto abaixo:

      "Nos meus tempos de menino, naquela idade em que balas e bombons povoam nossos sonhos, eu levava longos minutos a me decidir pelas balas que queria comprar.

      E, uma vez compradas, mais ainda custava a resolver se as devia chupar logo ou guardá-las para mais tarde.

       Ora, um dia, vovô, que freqüentemente me acompanhava nessas romagens pelo mundo das confeitarias, tirou o relógio do bolso e me disse com expressão firme, porém sem nenhuma rispidez ou severidade:

       Vamos combinar uma coisa. Daqui para diante, quando você vier comprar bala, vai ter de tomar a sua decisão antes que este ponteiro grande, que marca os minutos, saindo de uma marca, chegue à seguinte. Estamos combinados?

      Antes que eu concordasse, com muita paciência ele explicou-me que a vida não é, afinal de contas, senão uma série contínua de escolhas. E explicou:

      É preciso tomar decisões prontas, mas, veja bem, sempre no firme entendimento de que não vamos nos arrepender, caso a decisão redunde em mal para nós.

       De começo, aqueles primeiros 59 segundos do minuto corriam antes que eu pudesse, ao menos, respirar fundo e tomar a minha decisão.

       O jogo durou alguns anos. Depois de certo tempo o meu processo mental já era tão rápido que eu passei a tomar decisões acertadas com progressiva facilidade.

      De valor não menor para mim foi a energia que adquiri - em cada caso - ao ter consciência de que, depois de lançado o dado, nunca poderá haver arrependimento... "


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       Como nota o leitor, o pequeno texto acima transcrito – embora muito simples – revela grandes verdades, aplicáveis à vida de qualquer pessoa. Além de ser um texto que relata a postura de um educador, a circunstância apresentada ainda conclui pela importância de assumir as conseqüências dos próprios atos, sem arrependimentos.

      Estas e outras lições, de grande caráter educativo, estão reunidas no belo livro E, para o resto da vida, de Wallace Leal V. Rodrigues. E trata-se de obra editada em Matão, pela Casa Editora O Clarim. Para educandos e educadores, fica a dica de uma obra valiosa que ficará na memória daqueles que tiverem oportunidade de folhear suas páginas.

      E para nós, na vida individual ou coletiva, fica o convite de que as decisões não gerem arrependimentos ou remorsos. É melhor pensar bem, antes de tomar decisões.

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