Dever negligenciado
Essa expressão foi usada por
Allan Kardec no capítulo XXVIII de O
Evangelho Segundo o Espiritismo, item 34 – Prefácio – Num perigo iminente. Referido capítulo é intitulado Coletânea de Preces Espíritas, onde há preciosas
considerações em compactos “prefacinhos” que antecedem os modelos de preces ali
apresentados.
Na referência em destaque, a
expressão diz respeito aos perigos variados que corremos, onde podemos
constatar a fragilidade da vida humana, exposta que está a tantas situações
difíceis, perigosas e, em alguns casos, promovedoras de autênticas tragédias.
No entanto, muitas aflições,
muitas tragédias e mesmo complicações físicas, emocionais ou mesmo morais,
inclusive doenças poderiam ser evitadas, nem precisariam ocorrer, não estando
enquadradas em provas ou expiações. Mas sim, resultados de um dever
negligenciado. A falta de atenção, os descuidos variados, as negligências –
pequenas ou maiores – que nos permitimos, podem sim gerar quadros não
previstos, em que não haveria necessidade de ocorrer. Aí sim, em ocorrendo,
podem entrar no quadro de provas e expiações, gerando-as como fruto exatamente
do dever negligenciado como indica a
expressão, em alguns casos imediatamente ou com desdobramentos futuros no tempo.
Imagine o leitor as situações
próprias do cotidiano que se enquadram na força da expressão. Quantos casos e
situações todos vivemos resultantes de um dever que não demos importância, que
não valorizamos, que não cumprimos.
Toda desatenção com o dever imposto
pela consciência ou mesmo pelas circunstâncias gera efeitos no tempo,
consequências que deveremos enfrentar, normalmente saturadas de aflições ou
dores físicas e morais.
É comum que encontremos mais
adiante no tempo as situações de remorso, do arrependimento, da escassez sob
vários aspectos e as graves consequências de relacionamentos que se transformam
em tragédias; também coletivamente, com grandes prejuízos e desdobramentos para
a coletividade, resultantes da mesma razão, que também geram enfermidades,
misérias, violências e perturbações que se desdobram além-túmulo, em cruéis
obsessões e comprometimentos para o futuro reencarnatório, muitas vezes por
fatos e instantes de negligência tratados com indiferença ou omissão.
Melhor que estejamos mais atentos
para atenuar ou extinguir os perigos físicos, emocionais, psicológicos,
financeiros e especialmente morais que se acercam de nós, por uma simples e
nova atitude: o prestar atenção ao que ocorre à nossa volta, conosco, ou com
que está ao nosso lado. Nossa omissão poderá custar lágrimas e aflições.
Peçamos, pois, a Deus, força e
coragem, para sermos mais presentes, autênticos e atuantes no bem. Mas não
fiquemos apenas no pedido, comecemos a dar os primeiros passos para isso...