Não sou o único capaz
O que se vai ler abaixo é trecho de um pronunciamento de alguém que não se deixou levar pela vaidade ou por tolas pretensões oriundas do orgulho. O texto original e completo é bem longo e selecionamos aqui um único parágrafo para análise e reflexão do leitor. Referido pronunciamento foi feito em outubro de 1865. Vejam:
Deus me guarde de ter a presunção de me crer o único capaz, ou
mais capaz do que um outro, ou o único encarregado de cumprir os desígnios da
Providência; não, este pensamento está longe de mim. Neste grande movimento
renovador tenho a minha parte de atuação; não falo senão daquilo que me
concerne; mas o que posso afirmar sem vã fanfarrice, é que, no que me incumbe,
nem a coragem, nem a perseverança, me faltarão. Nisso jamais falhei, mas hoje
que vejo o caminho se aclarar de uma maravilhosa claridade, sinto minhas forças
crescerem, não tenho mais dúvida e graças às novas luzes que praza a Deus me
dar, estou certo, e digo a todos os meus irmãos, com toda a certeza que jamais
tive: coragem e perseverança, porque um esplendoroso sucesso coroará vossos
esforços.”.
A
seleção parcial está dentro de um contexto geral. Destacamos, todavia, esse
parágrafo específico para apresentar uma posição bem coerente com a realidade
de nossa fragilidade humana, que pede dispensar vaidades, orgulho e tolas
pretensões, ao lado de intensa força pessoal construída sobre virtudes que
todos podemos valorizar nesses tempos de imensa dificuldade social: coragem e
perseverança.
O
autor não se coloca em posição superior a ninguém, reconhece que todos tem sua
parte de ação no programa geral de evolução do planeta.
Esse
reconhecimento da parte de trabalho que cabe a cada um de nós no concerto geral
de construção da harmonia social, onde se inclui naturalmente o próprio esforço
pessoal nesse objetivo, é o primeiro passo que vacina contra vaidades ou
pretensões desconectadas com nossa condição de filhos de Deus destinados à
felicidade.
Todos
podemos oferecer nosso trabalho, nosso esforço. Se soubermos agir com lucidez,
se nos respeitarmos mutuamente, usando as ferramentas da coragem e da
perseverança – como destaca o autor – um esplendoroso sucesso coroará vossos
esforços, usando as palavras dele próprio.
E o que seria esse sucesso senão a vitória sobre nós mesmos, no
domínio das paixões e imperfeições que ainda trazemos, no cumprimento do dever,
do esforço pela conquista de virtudes, na luta pelo progresso. Exemplo claro
trazido pelo Professor Denizard Rivail, que não se deixa vencer pela postura
vaidosa ou orgulhosa, embora todo o trabalho que estava em suas mãos.
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