Não é o médium que devemos pôr no pedestal, mas o homem de bem que sabe tornar-se útil, sem ostentação e sem vaidade
Não é o médium que
devemos pôr num pedestal
Orson Peter Carrara
Com o título O Zuavo
Curador do Campo de Chálons, Allan Kardec publicou na REVISTA ESPIRITA, edição de outubro de 1866, magnífico relato de
médium curador. A palavra zuavo
refere-se a soldados argelinos e de outros territórios árabes a serviço do
exército francês, que chamavam atenção pelos uniformes um tanto diferentes, num
período compreendido entre meados do século XIX e março de 1962, quando foi
declarada a independência da Argélia. Entre os soldados havia um jovem, médium
curador, incompreendido claro, mas muito procurado, pelas curas que executava
com simplicidade. Kardec extraiu notícias de jornal para comentar o assunto, já
que a fama do rapaz se espalhou a ponto de serem interditadas as visitas ao
rapaz, pelo superior hierárquico. Alguns casos de curas do moço de nome Jacob,
sempre humilde e discreto, estão descritos no artigo, onde as considerações do
Kardec primam pela lucidez e caminhos de raciocínios ao leitor. Não deixe de
ler, amigo (a) leitor (a). Trata-se de precioso documento.
Pelas limitações da presente abordagem, apenas com caráter
de motivação ao conteúdo integral, transcrevo a sólida argumentação de Kardec,
com seu sempre caráter orientador para o bem, muito próprio de sua índole
humanitária de verdadeiro benfeitor da Humanidade:
(...) considerando-se
que o dom de curar não é resultado do trabalho nem do estudo, nem de um talento
adquirido, aquele que o possui não pode considerá-lo um mérito. Louvamos um grande
artista, um sábio, porque eles devem o que são a seus próprios esforços, mas o médium melhor dotado não passa de
instrumento passivo de que os Espíritos se servem hoje e que podem deixar
amanhã. O que seria do Sr. Jacob se ele perdesse a sua faculdade, o que ele
prudentemente prevê? O que era antes: o músico dos zuavos, ao passo que, embora
isto aconteça, ao sábio sempre restará a ciência e ao artista o talento.
Ficamos feliz por ver o Sr. Jacob partilhar destas ideias, portanto, não é a
ele que se dirigem estas reflexões. Ele compartilhará de nossa opinião, não
temos dúvida, quando dissermos que o que
constitui um mérito real no médium, o que se deve e pode louvar com razão, é o
emprego que faz de sua faculdade; é o zelo, o devotamento, o desinteresse com
os quais ele a põe a serviço daqueles a quem ela pode ser útil; é ainda a
modéstia, a simplicidade, a abnegação, a benevolência que respiram em suas
palavras e que todas as suas ações justificam, porque essas qualidades lhe
pertencem mesmo. Assim, não é o
médium que devemos pôr num pedestal, porque ele pode descer amanhã: é o homem de bem, que sabe tornar-se útil
sem ostentação e sem proveito para a sua vaidade. (...)
Os grifos são nossos e a
transcrição é parcial.
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