Desconfiem! diz Kardec


 

Desconfiem... – Orson Peter Carrara

 

O item é curto, tem apenas seis linhas. Está esquecido em O Livro dos Médiuns. Sua validade é de tanta atualidade, todavia, que é preciso vez por outra, ser lembrado.

Está na Segunda Parte, capítulo XXVIII – Charlatanismo e Prestidigitação. Como o item é muito compacto, permito-me transcrever na íntegra ao leitor, poupando-o de pesquisar. Todavia, ao trazer o texto curto, nosso intuito é sim motivar o leitor a ir ao capítulo, dada a preciosidade daquele conteúdo, normalmente esquecido. Afinal dentro do próprio capítulo estão os subtítulos Médiuns Interesseiros e Fraudes Espíritas, distribuídos nos itens 304 a 323.

Mas existem médiuns interesseiros, ocorrem fraudes espíritas? Como não? Onde está a criatura humana, está a imperfeição que a acompanha. Antes da mediunidade ou dos fenômenos produzidos pelos espíritos e possibilitados pelos médiuns, estamos nós, seres humanos, ainda na caminhada evolutiva.

Mas vamos ao item. É o que agora nos interessa. Em outras abordagens trataremos dos outros dois itens.

Traz o item 322:  “No capítulo Dos médiuns especiais, mencionamos, segundo os Espíritos, as aptidões mediúnicas comuns e as que são raras. Cumpre, pois, desconfiar dos médiuns que pretendam possuir estas últimas com muita facilidade, ou que ambicionem dispor de múltiplas faculdades, pretensão que só muito raramente se justifica”.

Note didaticamente as afirmações:

1 – Faz referência ao capítulo XVI – Médiuns especiais – na segunda parte.

2 – É mencionado: as aptidões mediúnicas, comuns e raras.

3 – Sugere, sem rodeios, desconfiar dos médiuns que pretendam possuir as aptidões consideradas raras com muita facilidade. Ou de disporem de múltiplas faculdades.

O item é de afirmação do próprio Codificador. E é firme em recomendar: “(...) desconfiar dos médiuns que pretendam possuir estas últimas com muita facilidade, ou que ambicionem dispor de múltiplas faculdades (...)”.

A advertência é oportuna e atual, face à ingenuidade, ou falta de conhecimento ou mesmo tentativas de endeusamento de médiuns. E mesmo o fascínio que muitos podemos nos deixar levar, médiuns ou não. É a prudência e o bom senso que a própria Doutrina Espírita recomenda.

Nunca será demais consultar O Livro dos Médiuns, esse manancial de conhecimentos, verdadeiro tratado sobre essa faculdade humana, absolutamente natural, que não tem mistérios e nem precisa de misticismo ou adulações dispensáveis.

Temos sim é que aprender com as orientações disponíveis para não cairmos na areia movediça da vaidade ou do fanatismo, sempre extremos muito perigosos para uma saudável prática mediúnica.

É através da vaidade e do fanatismo, ou em outras palavras, da falta de análise racional do que a mediunidade produz, que entramos no perigoso terreno da fascinação....

Aliás, procure passear pelo índice da citada obra. Um tesouro à disposição.

E diga-se: esse “desconfiar” não é no sentido agressivo, é antes na direção preventiva, justamente para não adentrarmos o sempre avassalador mecanismo da vaidade e da falta de bom senso e seus lamentáveis desdobramentos.

Acrescente-se também que isso não é exclusivo aos médiuns em si, mas a todos nós que também corremos o risco de movimentar críticas e perseguições a médiuns, o que igualmente é lamentável. Devido à naturalidade do fenômeno, médiuns ou não precisamos ter o discernimento da análise racional, sem os extremos da agressividade ou da pretensão descabida de "donos da verdade", preferindo a doce presença da caridade em tudo que fazemos. Com ela não corremos o risco. 

 


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