Déspotas públicos que continuam

 


Ávidos de poder, déspotas públicos – Orson Peter Carrara

 

A expressão acima foi usada por Erasto, em item específico (o número 10) do capítulo 21 – Haverá falsos cristos e falsos profetas – em O Evangelho Segundo o Espiritismo. O item referido tem o título de Os falsos profetas da erraticidade. E o autor está se referindo aos espíritos desencarnados que classifica como vaidosos e hipócritas, dada a condição ainda de presos a paixões que os escravizam a planos espirituais inferiores, mais densos.

Vale dizer que o texto é bem claro na expressão que usei como título:

“(...) São geralmente espíritos ávidos de poder que, déspotas públicos ou privados durante a sua vida, querem ainda vítimas para tiranizar após a sua morte. (...)”. Percebe-se claramente que a situação pouco mudou no planeta, e não é mera coincidência o que ocorre no planeta nessa fase aguda de transição. Muitos deles estão também reencarnados, ocupando corpos carnais e posições humanas que lhe facilitam esse tipo de comportamento e assédio. Pior que assessorados por outros que, desencarnados, encontram eco favorável de atuação com os quais se afinam.

E como o próprio Erasto afirma: “(...) eles são, quase sempre, espíritos vaidosos e medíocres que tendem a se imporem aos homens fracos e crédulos, prodigalizando-lhes louvores exagerados, a fim de os fascinar e tê-los sob a sua dominação (...)”.

Importante também que se lembre que a palavra erraticidade, utilizada no subtítulo em destaque acima, define os espíritos no intervalo entre as encarnações, e não é derivada de erro, como apressadamente pode-se supor.

A oportuna advertência é muito útil para médiuns, grupos mediúnicos e dirigentes de reuniões de intercâmbio com os espíritos, espíritas ou não, de vez que estamos sujeitos às intromissões de espíritos que se valem da invisibilidade para enganar e dominar, levando a desdobramentos sempre lamentáveis que se enquadram em fanatismos, extremismos, ridículos e obsessões que podem se tornar cruéis e de difícil solução.

Mas abre outra perspectiva: o da atuação desses mesmos espíritos em todos os segmentos da sociedade, já que as afinidades não estão restritas aos espíritas ou a grupos mediúnicos. Aprendemos com Kardec que todos somos mais ou menos médiuns e as afinidades ou conexões se estabelecem a partir da própria condição de nossa natureza espiritual. Independente da crença, nacionalidade, raça, sexo, mediunidade ostensiva ou não.

Portanto, tais influências ocorrem, sejamos ou não médiuns, sejamos espíritas ou não. Não exclusividade do Espiritismo, nem tampouco de médiuns, como se aplica a palavra no sentido ostensivo.

Estamos todos sujeitos a esses assédios e a única maneira de evita-los ou de nos proteger é colocando toda nossa confiança em Deus e fazendo o bem, que atrai a presença dos Bons Espíritos.

E, anda mais, considerando que os Espíritos são os mesmos, seja na condição de encarnado ou já na dimensão espiritual, e que se apresentam em diferentes níveis de maturidade e conteúdo, o que ocorre no plano espiritual, também ocorre entre nós, os encarnados.

Também os há ainda presos à vaidade e mediocridades variadas, impondo-se àqueles que se deixam dominar pela ingenuidade ou crença cega em suas promessas e manipulações. E a expressão louvores exagerados (usada por Erasto m seu texto) que, no caso quando vindo dos espíritos que se mascaram de sábios – valendo-se da invisibilidade –, são os elogios, fazendo-se bonzinhos e usando palavras para primeiro conquistar e depois enganar, pode também ser usada entre os encarnados não só em forma de elogios, mas especialmente por meio das manipulações variadas tão conhecidas, com ilusões de toda natureza.

E Erasto não receia citar: déspotas públicos ou privados durante a sua vida, querem ainda vítimas para tiranizar após a sua morte. Espíritos ainda com vaga noção de solidariedade, ainda muito dominados pelo egoísmo. Manifestando-se em reuniões mediúnicas ou estando encarnados em diferentes segmentos sociais, é seu modus-operandi.

Acrescente-se que todos nós nos enquadramos de uma forma ou outra, mas no fundo o que prevalece é que nos devemos mútua tolerância. Afinal estamos todos no mesmo caldeirão do aprendizado, necessitados todos de intenso aprendizado e permanente renovação dos próprios valores.

Pelo menos já temos consciência da questão... aumenta nosso dever.

E não se assuste ou se atemorize o leitor. É da natureza humana e somente vivendo tais experiências, de agir com egoísmo ou sofrer-lhe os desdobramentos, é que nos libertarmos dessas grades que nos escravizam à mediocridade que ainda nos caracteriza.

 

 

 


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