Série da Netflix chama atenção sobre a missão dos pais

 


Sob tutela dos pais – Orson Peter Carrara

 

Uma série na Netflix – com apenas 4 episódios – levou-nos a refletir sobre as questões 208 e 582 de O Livro dos Espíritos. A primeira (208) refere-se à grande influência dos pais sobre os filhos e na resposta encontramos: “(...) Os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os dos seus filhos pela educação; é para eles uma tarefa: se falharem, serão culpados.” Já a segunda (582), traz a pergunta impactante do Codificador: “Pode-se considerar a paternidade como uma missão?”. E a resposta não menos expressiva: “É, sem contradita, uma missão; é, ao mesmo tempo, um dever muito grande e que obriga, mais do que o homem pensa, sua responsabilidade pelo futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais para que estes o dirijam no caminho do bem, e facilitou sua tarefa dando-lhe uma organização frágil e delicada que o torna acessível a todas as impressões (...)”.

Além da gravidade das duas respostas, a tarefa é desafiadora. Difícil, muitas vezes até dolorosa, considerando que os pais também são espíritos em aprendizado e na maioria das vezes não temos maturidade e sabedoria para bem conduzir essa expressiva missão.

Os filhos, como bem o sabemos, são igualmente espíritos em evolução – junto conosco – e que apresentam também suas bagagens e experiências, boas e ruins, próprias das vivências que acumularam em existências anteriores e apresentam-se agora, gradativamente, no estágio em que se situam, de nobreza ou baixeza moral, com suas conquistas e necessidades variadas de progresso e aprendizado.

Então, naturalmente, ocorre aí um entrechoque de realidades: a dos pais, também com suas lutas e a dos filhos que vão se situando no cotidiano da vida familiar. E, por outro lado, as circunstâncias e fatores externos igualmente exercem grande influência nesse contexto de convivência e educação. Aspectos climáticos, culturais, econômicos e financeiros, emocionais e psíquicos, de crenças, de saúde e mesmo geográficos e demográficos, entre outros, chegam a influir nesse processo todo do contexto familiar e educativo. Então, os pais se sentem como num labirinto de preocupações e providências diárias – até pela própria sobrevivência da família – e os filhos percebendo e assimilando tudo isso. O desafio é enorme, pois a realidade atual – e isso já há algumas décadas – é de um tumulto social que se reflete na intimidade familiar, o que desvia focos de atenção e carinho na difícil tarefa de educar.

Os reflexos vão sendo sentidos também gradativamente, com hábitos infelizes dos pais que os filhos vão assimilando, pois que muito observadores do comportamento, e se refletindo na adolescência, mocidade e, claro, na vida adulta. Tudo isso acrescido das tendências, da índole, das bagagens do próprio espírito reencarnado na condição de filho. Que retornou ao planeta com um programa próprio – integrado ao programa familiar – para aperfeiçoar-se, libertar-se dos medos, mazelas e condicionamentos viciosos e, claro, progredir, desenvolver-se, como bem indicam as duas questões da obra básica em referência.

Muitos esforços, portanto, em função de vários fatores internos e externos, são perdidos, embora acrescentem experiência de vida e aprendizados, mas retardam o processo educativo e essa perda resulta normalmente em lágrimas, decepções e sofrimentos intensos para pais e filhos.

É o que a série citada traz ao telespectador. Um casal com dois filhos, nos tumultos próprios da vida cotidiana, com dois filhos adolescentes, sendo que o mais novo pratica um crime, numa trama envolvente, resultante especialmente da dependência digital com a internet.

Isso leva a profunda reflexão dos pais, que se questionam, que sofrem, sobre como puderam deixar acontecer o que aconteceu – levados pelas circunstâncias tão comuns da atualidade –, em lágrimas muito dolorosas e que constitui severa advertência para todos nós, os pais, avós e educadores que temos crianças sob nossa responsabilidade direta.

A adolescência, por si só, já é difícil pelos ajustes próprios da idade, e atualmente se agrava com os conteúdos digitais, nem sempre recomendados, exigindo atenção dos pais. O trecho parcial da resposta à questão 582, traduz bem: “Deus colocou o filho sob a tutela dos pais para que estes o dirijam no caminho do bem”.

Nem sempre é fácil, exige mesmo atenção cuidadosa. Mas vamos ao principal. A série, que todos devemos assistir para refletir mesmo com profundidade chama-se: Adolescência. Dispenso-me de outros dados, facilmente encontráveis na net. Sugiro mesmo que a exibição traga oportunidades de debates entre pais, professores e, claro, filhos adolescentes.

 

 


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