Recordações de gratidão
Como
sabem o s leitores, sou natural de Mineiros do Tietê-SP e desde que me dei
conta de minha própria existência, quando menino, e até onde a memória
conseguiu registrar com clareza, lembro-me do envolvimento de meus pais com
aquelas providências e atividades quase diárias. O movimento de pessoas dentro
de casa, os diálogos sobre a temática, o entusiasmo e um alto sentido de
comprometimento e responsabilidade com os desdobramentos próprios advindos
daquela vinculação.
Só
mais tarde, bem mais maduro, pude compreender mais exatamente a razão. Mas
hoje, já cinquentão, essa visão mais se amplia. Meu pai era alfaiate, minha mãe
sempre o auxiliou na profissão, mas além do ganha-pão havia algo mais. Esse
algo mais fez a diferença para a vida toda, pois norteou a moralidade, deu
significado à existência de todos nós.
Não
era diferente com meu tio Pedrinho, que ficou muito conhecido pela Bandinha da
Casa da Criança, que saía às ruas com as crianças nos ensaios e apresentações
da cidade. Esse saudoso tio – que partiu tão cedo com apenas 55 anos – exerceu
enorme influência sobre minha personalidade e sobre minha intensa atividade
atual na vivência de um ideal compreendido, que fui gradativamente assimilando.
É
que, especialmente os três – meus pais e meu tio – estiveram diretamente
envolvidos com as atividades da instituição fundada em 1923 por Marcelino
Martinez. A instituição fincou suas raízes na cidade, progrediu e expandiu-se
através do tempo. Em 1940 o grupo fundou um lar para idosos desamparados e ao
longo das décadas dedicou-se com afinco a várias outras atividades de promoção
humana no socorro às necessidades materiais e espirituais de muitas pessoas e
famílias inteiras. Na década de 1990 esse trabalho foi centralizado em novo
departamento, que recebeu o nome de Projeto Pedro Carrara. Mas não foi só.
Literatura, arte, cultura, promoção humana e muito trabalho em favor da
coletividade tornaram a instituição muito respeitada.
Crianças
e famílias instruídas com o conhecimento espírita, ou muitas vezes apenas
assistidas em suas necessidades materiais, que se alargou com competência, por
meio de estudos, palestras, eventos, encontros, aulas e imenso estímulo para
semear no coração humano as sementes vivas do Evangelho do Cristo, alimentadas
pela clareza da Codificação Espírita de Allan Kardec, iniciada com O Livro dos
Espíritos.
Agora,
em 2013, a instituição atinge 90 anos de fundação, que ocorreu no dia 22
de março de 1923. Nasci em 1960 e desde criança ali recebi a sadia orientação
espírita, que é calcada no Evangelho. Em meus 53 anos de idade e morando em
outro município há quase 13 anos, não perdi os vínculos com a instituição, pois
a ela muito devo. Trata-se mesmo de uma gratidão moral. Foi no interior de suas
simples instalações, ao longo das décadas, que pude compreender a vida em seu
sentido real e apreender o significado real da fraternidade humana. Foi ali,
desde muito jovem, no exemplo de meus pais e na perseverança ativa de meu tio
Pedro, que igualmente pude compreender a lucidez das obras da Codificação
Espírita, aprendendo a viver com mais lucidez e responsabilidade,
principalmente entendendo os mecanismos das leis que nos regem a vida do ponto
de vista moral.
Com
muitos e inesquecíveis amigos queridos – alguns já partiram – construímos laços
inquebrantáveis de amizade, fortalecendo-nos nos aprendizados e nas
experiências de vida.
Por
isso, agora que março adentra nosso calendário, aproximando-se dos 90 anos da instituição,
não posso calar-me. Por memória de meu próprio pai que dedicou grande parte de
seu tempo disponível, com outros companheiros – especialmente seu irmão Pedro
já citado –, ao cotidiano das atividades quase diárias da instituição, semeando
em meu coração esse sentido de trabalho em prol do bem geral e por gratidão ao
Cristo – nosso modelo e guia – também me ergo com o mesmo sentido de agradecer
a Deus pelos caminhos que a vida me conduziu, por meio do conhecimento
espírita, na vivência que pude experimentar no contato com os amigos e
saudáveis atividades do Centro Espírita Francisco Xavier dos Santos, em
Mineiros do Tietê (www.centroespiritafxs.com.br). Posso dizer, inclusive, que minha facilidade e gosto de
comunicação escrita e verbal – que hoje utilizo fartamente por quase todos as
mídias e oportunidades pelo país todo e mesmo fora dele – devo às atividades
que aquela entidade manteve em sua programação, abrindo-me as portas do
aprendizado e da experiência.
São,
pois, recordações de gratidão. Que dedico, com carinho, a meus pais e ao meu
querido Tio Pedrinho, bem como a outros tantos que ali mourejaram e ainda
mourejam. Aos atuais diretores e integrantes, igualmente meu abraço pela
continuidade do saudável e peculiar trabalho de aprendizados e construção de um
mundo melhor.
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