Incipiente ou Insipiente?
Note o leitor o que é a língua portuguesa. Duas palavras com a mesma pronúncia, ambas adjetivos e com apenas uma das letras alteradas ("s" ou "c") tem significados diferentes, embora ligados entre si, como veremos. A primeira delas, segundo o dicionário (www.uol.com.br/michaelis), é a qualidade de quem começa, principiante. Já a segunda palavra, designa aquele que é ignorante, insensato, imprudente, ou que não é sapiente, que designa aquele é sábio, conhecedor...
O assunto surge para breve análise em virtude de notícia divulgada há alguns anos pela imprensa escrita e virtual. É que a notícia informava que o governo russo contratou marroquinos para assentar assoalhos de madeira em seu país (por falta de mão de obra especializada), enquanto que nos Estados Unidos havia russos efetuando o mesmo trabalho para americanos. Por outro lado, pedreiros mexicanos e brasileiros atuando nos Estados Unidos estariam executando com maior perfeição os serviços da área de construção civil com mais competência que nos seus países de origem.
O contraste faz pensar. Tanto na Rússia como no Brasil (usados aqui como exemplos), a deficiência de formação ou de valorização da mão de obra ocasiona um grave problema social: a fuga dessa mão de obra para locais onde é valorizada. Mas o pior ainda não é isso. O que mais impressiona no nosso caso brasileiro é a ausência de uma mentalidade de transmissão de conhecimentos e/ou experiência. Será egoísmo, retenção de informação, desinteresse, omissão? Seja lá qual a designação que dermos, o fato é que nossos jovens - principiantes no mercado de trabalho - estão "meio que" abandonados na aquisição de oportunidades, experiência e conhecimentos. Apesar de várias iniciativas nesse sentido como as do SESI, entre outras – inclusive de iniciativa privada.
Para desenvolver-se em qualquer campo (seja ele profissional ou não), os indivíduos necessitam de experiências vivas que lhe proporcionem a formação. Como esperar que alguém aprenda algo se não tem a oportunidade do exercício? Isto ocorre com tudo. Para aprender a dirigir um veículo, precisamos exercitar. Para aprender a andar, uma criança precisa exercitar-se, etc. etc. Com jovens ou adultos, a questão é a mesma. Não adianta ficarmos na crítica designando incompetência, desinteresse, ignorância. É preciso mesmo oferecer experiências reais de aprendizado. Somente estas formarão pessoas capazes em qualquer área de atividade.
Para que o incipiente não seja um insipiente, pensemos nisso e comecemos a valorizar aqueles que convivem conosco e de quem esperamos o melhor... Afinal, conhecer nunca é demais.
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