Fórmula Matemática - Clareza da proposta não deixa dúvidas

A fonte inesgotável de estudos que a Doutrina Espírita oferece permite-nos localizar até uma fórmula matemática em seus postulados, mostrando que todas as áreas do conhecimento humano estão na Revelação Espírita e que ela utiliza todos esses conhecimentos para ampliar os próprios ensinos. Isto se deve à sua perene atualidade, pois que oriunda e embasada nas Leis Divinas.
Antes de trazermos aos leitores a fórmula referida, permitimo-nos transcrever parcialmente o texto ditado pelo Espírito Stael (médium: Srta. Eugênie), recebido em 10 de fevereiro de 1860 e publicado por Kardec na edição de março de 1860 da Revista Espírita*, e que recebeu o título de Felicidade:

“Qual o objetivo de cada indivíduo, nesta terra? Quer a felicidade a qualquer preço. Que é o que faz que cada um siga uma rota diferente? É que cada um espera encontrá-la num lugar ou numa coisa que lhe agrada particularmente: uns procuram a glória, outros a riqueza, outros, ainda, as honrarias. O maior número corre em busca da fortuna, que, em nossos dias, é o mais poderoso meio de chegar a tudo. Ela a tudo serve de pedestal. Mas quantos vêem realizada essa necessidade de felicidade? Muito poucos. Perguntai a cada um dos que chegam se atingiram o objetivo a que se propunham. São felizes? Todos responderão: ‘ainda não’. Porque todos os desejos aumentam na proporção daqueles que são satisfeitos. Se hoje há tanta gente que quer interessar-se pelo Espiritismo, é porque, tendo visto que tudo é quimera e, não obstante, querendo alcançá-la, experimentam o Espiritismo como tentaram a riqueza e a glória. Se Deus pôs nos nossos corações essa necessidade tão grande de felicidade, é que esta deve existir algures. Sim, confiai Nele, mas sabei que tudo quanto Deus promete deve ser Divino como Ele e que a felicidade que buscais não pode ser material (...)”.

A mensagem continua citando o conforto da Revelação Espírita, mas o que nos interessa é verificar a simplicidade (e ao mesmo tempo a grandeza) do ensino dos Espíritos.

Verdadeira equação

A resposta à questão 922 de O Livro dos Espíritos pode ser transformada numa equação matemática. Didaticamente, digamos, para ensejar o estudo e mesmo sua aplicação à vida diária. É simples, mas genial. O leitor deve estar curioso. Por isso, não nos alonguemos mais:

Podemos formulá-la assim: F = PN + CT + FF.
O F podemos identificar como Felicidade. Ora, todos querem a felicidade, seja na forma de paz interior, seja na forma de ausência de preocupações ou mesmo realização pessoal, em qualquer área. Consideramos, no entanto, que é impossível a felicidade total sobre um planeta ainda tão cheio de dificuldades. No entanto, é possível sim uma felicidade relativa, que nos permite viver com alegria.
Pois é, a construção diária da felicidade, ainda que relativa e possível neste mundo, é igual a PN + CT + FF, onde PN é posse do necessário. A posse do necessário livra-nos de tolas ansiedades, ambições, torturas outras tais como inveja, ciúme e permite-nos viver com relativa tranqüilidade. Considere-se a grande quantidade de pessoas que não possuem nem o necessário, e muitas vezes ficamos nos debatendo com coisas e coisas que extrapolam o necessário, tornam-se supérfluas e motivos de preocupações e até enfermidades.
O segundo item, CT significa consciência tranqüila. Aqui o leitor pode concluir por si mesmo: quem tem a consciência tranqüila vive feliz, dorme sem pesar-lhe a consciência e desfruta dessa felicidade possível. Ela significa não causar prejuízos ou dores a quem quer que seja.
E o terceiro item da fórmula? FF é a fé no futuro. Sim, fé no futuro. Quem tem fé, sabe que as situações e circunstâncias contraditórias, tumultuadas, aparentemente injustas, que causam sofrimento e grandes aflições são todas transitórias, vão passar. Apegando-se à realidade de um futuro concreto para todos e feliz, desde que tenhamos consciência tranqüila e não nos desgastemos tanto com a posse de bens que extrapolam o necessário, estaremos usando a fé no futuro (que está sendo construído com o comportamento reto e idôneo do presente) como ponto de apoio para superar os desafios que a vida apresenta. Considere-se que o apego aos bens materiais é elemento determinante de grandes torturas no futuro, por isso nota-se que as três situações estão inteiramente ligadas entre si e a consciência reta, honesta, impede que prejudiquemos terceiros para a conquista desses bens transitórios, embora não estejamos proibidos de adquirir bens.

Realmente um roteiro

Portanto, somemos as três situações: posse do necessário (desprendimento), consciência tranqüila (não causar prejuízos a si mesmo e a terceiros) e fé no futuro (calma, prudência, tolerância, confiança na vida, determinação dos objetivos); concluiremos que elas reúnem as condições da felicidade relativa que se pode alcançar nesta vida. E passamos a entender que nós mesmos a podemos construir...
Está lá na questão 922. Basta que descubramos para pensar e refletir. O interessante mesmo foi transformar a resposta em fórmula matemática, como nos foi apresentada pelo amigo Airton Pereira, em magnífica palestra proferida em Matão-SP.
E como diz o Espírito em sua mensagem, a felicidade que buscais não pode ser material (...)”. Perfeito! Nada mais a acrescentar.

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*Editora Edicel (1965), tradução de Júlio Abreu Filho.

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Matéria publicada originariamente na RIE – Revista Internacional de Espiritismo, edição de janeiro de 2006.