Deus tem preferência?
por Orson Peter Carrara
Como explicar tantas diferenças
entre os seres humanos? E não são apenas diferenças morais, intelectuais, de
habilidades, dificuldades, saúde ou oportunidades. Vejamos o que ocorre com as
tragédias todas que tem sacudido o planeta com as chuvas intensas, furacões,
terremotos, tsunamis, naufrágios, guerras, epidemias e a violência tão comum da
sociedade.
Se adentrarmos, então, na avaliação
individual, como explicar a situação favorável para uns e completamente desfavorável
para outros. Uns enfermos a vida toda, outros travados na cama, outros
absolutamente saudáveis; outros ricos ao lado de outros sem o mínimo para
sobreviver com dignidade. Alguns poucos gênios convivendo com criaturas em
extrema dificuldade de aprendizado. A maioria sem oportunidades, alguns com
todas as facilidades e portas abertas para tudo. Mas não é só. Se considerarmos
ainda as vítimas das tragédias acima citadas, enquanto outros não são
atingidos, ficamos a pensar: Deus tem preferência por uns em detrimento de
outros? Não! Absolutamente, isso é inconcebível.
E as crianças que nascem com doenças
terminais, sem cérebro, ao lado de outras saudáveis, bem amparadas,
contrastando com a orfandade, o abandono, e tudo mais que o leitor já conhece e
nem é preciso relacionar. O que é isso?
Deus ama os filhos e nos criou todos
para o progresso, a felicidade. Todavia, é impossível num curto espaço de 80
anos, em média, para construir uma vida moral saudável e mesmo a felicidade, ou
o progresso intelectual que a evolução desafia a cada dia. Por isso, somos
alunos de uma única vida em diferentes existências. Isso é a reencarnação, a
oportunidade renovada. O que não fizemos agora faremos mais tarde. O que
negligenciamos fazer hoje, teremos que fazer amanhã. As lesões que causamos ao
próximo e a nós mesmos ontem, estamos reparando hoje, por exigência
consciencial. Por conseqüência, o bem
que fazemos hoje nos trará felicidade amanhã. Ela é um mecanismo justo porque
traz a cada um o resultado de suas ações, nos aprendizados, provas e reparações
para com a própria consciência e à própria vida. Somos o que fizermos de nós.
Daí as diferenças em todos os sentidos. Os que se esforçam, alcançam mais, os
que negligenciam, colhe tais frutos. O sofrimento, em qualquer área, contudo,
não significa reparação, mas pode ser necessidade de aprendizados. Embora
ninguém esteja abandonado ou esquecido, mas todos teremos que nos esforçar para
progredir. Isso é Lei!
Já sabemos: a cada um segundo suas
próprias obras. Note-se a base no Evangelho, que aliás é da essência do
Espiritismo. É da lei, por um princípio de justiça, que colhamos o que fizemos
ou estejamos vivendo circunstâncias ou situações que nos tragam aprendizados
que necessitamos. Seria absolutamente injusto que uma vida decidisse o futuro
em definitivo. E para os que não tiveram oportunidade? Seria um privilégio?
Como conciliar isso?
A reencarnação, ou a pluralidade das
existências, está, pois, baseada num critério de justiça. Não há preferências
ou privilégios, somos os artífices da felicidade ou do sofrimento de nós
mesmos, individual e coletivamente considerado. E tem bases no Evangelho. E,
por outro lado, não é invenção, nem exclusividade do Espiritismo. É lei natural
que embasa o conhecimento espírita e com origens na própria história humana.
Sócrates já a ensinava.
Para compreender isso devidamente e
mesmo falar sobre o tema, é preciso estudá-lo em sua profundidade. Não podemos emitir opinião do que não
conhecemos devidamente. Para falar, debater ou criticar qualquer tema é preciso
antes aprofundar conhecimentos. Não podemos falar do que não sabemos, sob risco
do ridículo e do desrespeito à liberdade de expressão, crença, opção e opinião
de qualquer indivíduo ou grupo social.
Nenhum comentário:
Agradecemos sua visita e seu comentário!
PS: Se necessário, o autor responderá.