Três opções
por Orson Peter Carrara
Diante das
adversidades que a vida apresenta, dos equívocos a que nos entregamos, nas
escolhas e decisões nem sempre acertadas e muitas vezes comprometedoras e,
claro, das conseqüências e desdobramentos próprios de cada ocorrência difícil,
deparamo-nos com três opções ou três possibilidades a nos entregarmos:
a) Entramos num processo de lamento e culpa,
normalmente capazes de precipitar estados de angústia e depressão, com os
conhecidos prejuízos próprios;
b) Optamos
pela agressividade, “batemos a cara” pelo orgulho ferido, teimamos no equívoco
e normalmente nos afastamos ou nem ouvimos quem mais pode nos ajudar;
c) Decidimos pela coragem de
voltar atrás nas decisões que reconhecemos em erro, pedimos desculpas e
retomamos o caminho, aproveitando o aprendizado.
O que mais se
observa no cotidiano humano é a opção pelos dois primeiros itens, nos
comportamentos depressivos de culpa e da teimosia do orgulho ferido,
especialmente pela conduta de agressividade. Dificilmente tomamos a decisão
acertada da coragem de reagir com dignidade, reconhecer os próprios equívocos,
vencer o orgulho, aceitar idéias diferentes da nossas e voltar nas decisões
para corrigir os prejuízos que causamos.
Há uma tendência
humana, comum a todos nós, de não valorizarmos e – pior, desvalorizarmos o
esforço e a competência alheia – e que igualmente nos faz manter postura de
orgulho, arrogância e normalmente de desprezo ou indiferença aos esforços
alheios. É o que acontece muitas vezes quando nos permitir trilhar os caminhos
da agressividade.
Muitas vezes,
porém, nos entregamos ao lamento, às tristezas, às angústias, gerando quadros
depressivos e de sofrimentos inclusive para familiares.
É preciso ter a
coragem de voltar nos próprios passos, reconhecer decisões nem sempre
equilibradas e sempre recomeçar, quantas vezes forem necessárias. Não é sinal
de fracasso, é sim de força! Que importam comentários alheios, censuras que
sempre surgem ou discriminação que possamos sofrer. São apenas opiniões que
qualquer um pode emitir.
O que importa em
todos os casos é a paz de consciência e a força de resistir aos ímpetos de
abatimento ou de agressividade.
Isso tudo lembra
a Parábola do Filho Pródigo. Tanto na coragem do filho em reconhecer a própria
imaturidade e voltar, quanto no acolhimento do pai. Quanto ao ciúme do irmão, é
também caso que se enquadra no segundo item, sempre demonstrando nossa
tendência egoísta e necessitada de humildade.
Belas lições
essas, colhidas na fonte pura do Evangelho. A notável Denise Lino, de Campina
Grande-PB, nos apresentou farto material de análise da questão em seminário que
tivemos a felicidade de presenciar, muito mais amplo que as poucas palavras da
presente abordagem.
Como estamos
reagindo às oportunidades de aprendizado diariamente vivenciadas?
Ainda adotamos postura orgulhosa e agressiva, nos deixamos
abater ou optamos pela coragem de continuar, destemidos, dispostos a reconhecer
nossa fragilidade mas nem por isso nos entregando e sim prosseguindo em nossas
tarefas?
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