Bons médiuns e médiuns orgulhosos
por Orson Peter Carrara
É comum ouvir-se a expressão: “Aquela pessoa é um bom médium. Tem uma mediunidade admirável”.
Na verdade, o que seria um bom médium?
E qual a definição que a Codificação apresenta para qualificar um bom médium?
Recorramos ao “O Livro dos Médiuns”, exatamente no capítulo XVI – Médiuns Especiais, Segunda parte, item 197.
No capítulo referido, e não exclusivamente, pois em outros capítulos o assunto também é abordado, o Codificador apresenta um quadro sinótico das diferentes variedades de médiuns. Trata-se de um quadro bastante interessante pela análise da variedade mediúnica.
Com classificação orientada segundo uma descrição explicativa de todos os gêneros de mediunidade, especiais para efeitos físicos e intelectuais, de médiuns escreventes (e aqui segundo o modo de execução, o desenvolvimento da faculdade, o gênero e especialidade das comunicações, segundo as qualidades físicas e morais do médium), imperfeitos e, finalmente, o referente ao tema separado para a elaboração deste artigo, os bons médiuns.
Como são conhecidos?
Como podemos encontrá-los?
No referido item, entre a citação do Codificador, há também comentários dos Espíritos Erasto e Sócrates.
O Livro dos Médiuns classifica os bons médiuns em sérios, modestos, devotados e seguros.
Para fins de esclarecimento, transcrevemos abaixo a referida classificação, pertinente ao livro citado, para uma melhor visualização e entendimento:
Médiuns sérios: os que não se servem de sua faculdade senão para o bem e para as coisas verdadeiramente úteis; crêem profaná-la fazendo-a servir à satisfação de curiosos e de indiferentes, ou para futilidades.
Médiuns modestos: os que não se atribuem nenhum mérito pelas comunicações que recebem, por belas que sejam; se consideram como estranhos e não se crêem ao abrigo das mistificações. Longe de fugirem aos avisos desinteressados, os solicitam.
Médiuns devotados: os que compreendem que o verdadeiro médium tem uma missão a cumprir e deve, quando isto seja necessário, sacrificar seus gostos, seus hábitos, seus prazeres, seu tempo, e mesmo seus interesses materiais, para o bem dos outros.
Médiuns seguros: os que, além da facilidade de execução, merecem plena confiança, por seu próprio caráter, a natureza elevada dos Espíritos que os assistem, e que são os menos expostos a serem enganados. Veremos mais tarde que esta segurança não depende de nenhum modo dos nomes mais ou menos respeitáveis que os Espíritos tomam.
(1) Nas considerações de Erasto e Sócrates, há a valiosa orientação de como proceder com aqueles que se melindram com críticas, lembrando que “o médium que tomasse estas reflexões por mal provaria uma coisa: que não é bom médium” e que a busca desenfreada ou ambição por possuir faculdades excepcionais tira-lhes a qualidade mais preciosa: a de médiuns seguros, pois que o “estender indefinidamente o círculo de suas faculdades, é uma pretensão orgulhosa que os Espíritos jamais deixam impune; os bons abandonam sempre o presunçoso, que se torna, assim, joguete de Espíritos enganadores”.
(1) Nas considerações de Erasto e Sócrates, há a valiosa orientação de como proceder com aqueles que se melindram com críticas, lembrando que “o médium que tomasse estas reflexões por mal provaria uma coisa: que não é bom médium” e que a busca desenfreada ou ambição por possuir faculdades excepcionais tira-lhes a qualidade mais preciosa: a de médiuns seguros, pois que o “estender indefinidamente o círculo de suas faculdades, é uma pretensão orgulhosa que os Espíritos jamais deixam impune; os bons abandonam sempre o presunçoso, que se torna, assim, joguete de Espíritos enganadores”.
O quadro apresentado no capítulo referido é de grande validade para os estudiosos da Doutrina, para os médiuns em geral e para aqueles que, de uma forma ou outra, ocupam-se da mediunidade, pois que esta mesma variedade de médiuns apresenta graus infinitos em sua intensidade, como destacado no item 198 do capítulo citado.
É claro que a faculdade de um médium não está circunscrita exclusivamente a um só gênero, pois o mesmo médium (repetimos, como destaca o item 198 do capítulo referido) pode ter várias aptidões, com destaque para aquela que domina e para o qual deve se interessar em cultivar com mais empenho.
Ao contrário do que se pensa, a Codificação ensina que é um erro insistir no desenvolvimento de uma faculdade que não se possui. Ideal mesmo é cultivar aquela ou aquelas das quais se reconhece o germe em si mesmo.
Muito útil, portanto, que esta variedade mediúnica seja conhecida, estudada, até por questões de produção mediúnica ou utilização planejada das faculdades apresentadas, visando, é óbvio, ao bem das criaturas.
Por outro lado, para efeito comparativo, é significativo investigar, didaticamente, o lado oposto da questão acima apresentada. O orgulho no médium apresenta características nefastas e que são exigentes de atenção e reparação para a reprimenda de fraudes e desvios na prática doutrinária do Espiritismo.
No capítulo XX, Influência Moral do Médium (Segunda parte), item 228, 2º parágrafo, estão descritas as características dos médiuns orgulhosos. E, para fins didáticos, vejamos:
a) confiança absoluta na superioridade do que obtêm;
b) desprezo daquilo que não vem deles;
c) importância irrefletida atribuída aos grandes nomes;
d) recusa de conselhos;
e) tomar a mal toda crítica;
f) distanciamento daqueles que podem dar avisos desinteressados;
g) crença na sua habilidade, são os caracteres dos médiuns orgulhosos.
De outro lado, não podemos deixar de considerar que os indivíduos são mais ou menos médiuns e que, muitas vezes, o orgulho é estimulado nos médiuns por aqueles que com ele convivem, através do endeusamento ou bajulações, incoerentes com a seriedade de nossa Doutrina. Nestes casos, julgando-se indispensável, sempre procurado ou louvado, passa o médium descuidado, tomado pelo orgulho e com ares de suficiência, a seguir o caminho certo para a queda moral, em prejuízo da faculdade. O Espírito Erasto pondera que “(...) deve-se, pois, podar, sem piedade, toda palavra, toda frase equivocada, e não conservar, do ditado, o que a lógica não aceita, ou o que a Doutrina já ensinou (...)” e mais: “(...) o que a razão e bom senso reprovam, rejeitai ousadamente (...)”. Situações próprias do orgulho, do desejo de imposição, da ânsia de dominação. O desafio, portanto, está em ser médium bom ao invés de um bom médium. A expressão “bom médium” é muitas vezes confundida com a facilidade na obtenção das comunicações. O estudioso atento, todavia, ou aquele que deseja qualidade no intercâmbio com os Espíritos, deverá priorizar o conteúdo da mensagem, analisar aquilo que o médium traz pela palavra, escrita, ações, pois a mediunidade em si é neutra, mas é muito grande a influência moral do médium na produção mediúnica que apresenta. Daí a classificação apresentado por Kardec e comentada pelos espíritos. O estudo do quadro aludido afasta os equívocos do entusiasmo precipitado de aceitar tudo sem análise, protege médiuns sinceros, honestos e repele com naturalidade aqueles que desejam se utilizar da faculdade como instrumento de exploração popular, por orgulho ou ambição. Outrossim, ressalta a importância de estudar continuamente a Doutrina Espírita, fonte inesgotável de orientação para médiuns, estudiosos ou envolvidos com a realidade do fenômeno mediúnico. Por conseqüência natural, tal estudo evidencia a responsabilidade dos Centros Espíritas em oferecer material seguro aos médiuns, que neles trabalham ou a eles procuram, para o exercício dessa sublime faculdade, dada aos homens como instrumento de progresso e auxílio ao semelhante.
No capítulo XX, Influência Moral do Médium (Segunda parte), item 228, 2º parágrafo, estão descritas as características dos médiuns orgulhosos. E, para fins didáticos, vejamos:
a) confiança absoluta na superioridade do que obtêm;
b) desprezo daquilo que não vem deles;
c) importância irrefletida atribuída aos grandes nomes;
d) recusa de conselhos;
e) tomar a mal toda crítica;
f) distanciamento daqueles que podem dar avisos desinteressados;
g) crença na sua habilidade, são os caracteres dos médiuns orgulhosos.
De outro lado, não podemos deixar de considerar que os indivíduos são mais ou menos médiuns e que, muitas vezes, o orgulho é estimulado nos médiuns por aqueles que com ele convivem, através do endeusamento ou bajulações, incoerentes com a seriedade de nossa Doutrina. Nestes casos, julgando-se indispensável, sempre procurado ou louvado, passa o médium descuidado, tomado pelo orgulho e com ares de suficiência, a seguir o caminho certo para a queda moral, em prejuízo da faculdade. O Espírito Erasto pondera que “(...) deve-se, pois, podar, sem piedade, toda palavra, toda frase equivocada, e não conservar, do ditado, o que a lógica não aceita, ou o que a Doutrina já ensinou (...)” e mais: “(...) o que a razão e bom senso reprovam, rejeitai ousadamente (...)”. Situações próprias do orgulho, do desejo de imposição, da ânsia de dominação. O desafio, portanto, está em ser médium bom ao invés de um bom médium. A expressão “bom médium” é muitas vezes confundida com a facilidade na obtenção das comunicações. O estudioso atento, todavia, ou aquele que deseja qualidade no intercâmbio com os Espíritos, deverá priorizar o conteúdo da mensagem, analisar aquilo que o médium traz pela palavra, escrita, ações, pois a mediunidade em si é neutra, mas é muito grande a influência moral do médium na produção mediúnica que apresenta. Daí a classificação apresentado por Kardec e comentada pelos espíritos. O estudo do quadro aludido afasta os equívocos do entusiasmo precipitado de aceitar tudo sem análise, protege médiuns sinceros, honestos e repele com naturalidade aqueles que desejam se utilizar da faculdade como instrumento de exploração popular, por orgulho ou ambição. Outrossim, ressalta a importância de estudar continuamente a Doutrina Espírita, fonte inesgotável de orientação para médiuns, estudiosos ou envolvidos com a realidade do fenômeno mediúnico. Por conseqüência natural, tal estudo evidencia a responsabilidade dos Centros Espíritas em oferecer material seguro aos médiuns, que neles trabalham ou a eles procuram, para o exercício dessa sublime faculdade, dada aos homens como instrumento de progresso e auxílio ao semelhante.
Bibliografia:
(1) O Livro dos Médiuns, IDE, 23ª edição, 1992.
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