Cenoura, ovos ou chá?
por Orson Peter Carrara
A mulher estava
inconformada com as dificuldades diárias, dos problemas que se acumulam,
das perspectivas difíceis do futuro, sentindo-se desanimada.
Desabafando com um sábio, foi convidada a analisar três panelas de água
fervente. Uma delas continha cenoura, outra continha ovos e a terceira
continha chá.
O sábio pediu que observasse e comentou: As
cenouras amolecem, os ovos endurecem e o chá impregna a água com sua
cor, seu aroma e seu gosto.
A água fervente significa a
série de obstáculos e dificuldades sempre presentes. Como reagimos?
Amolecemos, entregando-nos à tristeza ou à depressão ou endurecemos
tornando-nos ásperos e duros no relacionamento, como o ovo? Não seria
melhor aproveitarmos a "fervura" das adversidades, aprendermos com ela e
aproveitarmos para espalhar nosso aroma, nosso gosto, impregnando o
ambiente com nossa coragem e determinação.
Ora, trata-se de
uma reação determinada. Ao invés de entregar os pontos e permanecer
triste, deprimido; ao invés de reagir violentamente contra os outros,
porque não impregnarmos o obstáculo com nossa dignidade, coragem e
postura ativa para alterar a situação difícil?
Temos
encontrado muita depressão nos diálogos de pessoas que nos buscam.
Dizemos sempre que não vale a pena entregar-se à tristeza ou ao
desânimo. A vida é muito mais que convites para o desânimo. A vida é
bela demais, é abundante demais, é extremamente valorosa e valiosa para
ser vivida aos lamentos. Nada disso!
Antes de tudo,
coragem! Muita coragem! Ela, a coragem, aquela de enfrentarmos a nós
mesmos (não os outros), é que nos mostrará os caminhos da superação.
Vencer o comodismo, vencer a timidez, vencer o medo, vencer a baixa
auto-estima, vencer resistências, e por fim... vencer o egoísmo, o
orgulho, eis o caminho do equilíbrio e da saúde. E, aprender sempre.
Procurar, pesquisar, estudar, entender. Isso nos trará a paz que
precisamos. Porque a paz não é a ausência de dificuldades, mas a
consciência limpa do dever cumprido, a consciência interior de que se
está fazendo o melhor ao nosso alcance. Em nosso favor e a favor da
coletividade. Sim, porque viver isolado, esquecido dos deveres para com o
próximo, indiferente às dificuldades alheias, é também mergulhar na
depressão, na tristeza, no vazio existencial que aflige tanta gente.
Por isso, mãos dadas com o trabalho. Mãos dados com o interesse
próprio de sempre aprender algo novo. Nada de se entregar. Isto é para
os fracos e como não existem fracos, mas apenas acomodados e
adormecidos, sejamos daqueles que despertam e vão à luta. Sem medo ou
vacilações.
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