Em qual escola?
por Orson Peter Carrara
Na primeira visitada, o diretor
explicou que lá, a criança estuda durante todo o ano e, no final do período,
fará um teste de avaliação. Se for aprovada, irá, no ano seguinte, para uma
classe especial, com todos os alunos que se dedicaram, formando uma classe de
elite. Se for reprovada, a escola manterá a criança trancada em uma sala, para
sempre, com os demais reprovados. E nem os pais jamais poderão ver os filhos.
Eles nunca mais terão outra chance.
Na segunda escola visitada, os
pais verificam que o sistema é diferente. Ao final do ano, as crianças
aprovadas também irão para uma classe mais avançada, prosseguindo os estudos.
As que forem reprovadas repetirão o ano, tendo que se submeter novamente aos
ensinos e aos testes nos quais fracassaram, tantas vezes quantas forem
necessárias.
Agora é fácil raciocinar em qual
escola os pais matriculariam seu filho. É de se duvidar que possa existir algum
pai ou qualquer pessoa no mundo que optasse pelo ridículo da primeira escola.
Como alguém teria coragem de expor o próprio filho a regime tão cruel? Ora, se
nós, os pais humanos, não aceitaríamos tal método absurdo de avaliação e
punição, será que Deus, que é infinitamente superior a nós, bondoso e justo,
onipotente, inteligência suprema do Universo e causa de tudo, usaria esse
método injusto e cruel? Isso é inadmissível! Como podemos comparar Deus às
nossas mediocridades e supô-lo cruel e injusto? Sim, porque uma única chance é
inviável e pequena demais, considerando os extremos da vida humana e as
oportunidades tão variadas e distantes entre todos.
Objetivo da escola é ensinar e não
punir. O método da segunda escola é, sem dúvida nenhuma, superior. A primeira
escola demonstra um perfil intolerante, vingativo, punitivo; a segunda escola
apresenta uma didática tolerante, sábia, educadora e, ao mesmo tempo,
infinitamente justa, abrindo e renovando contínuas oportunidades de
aprendizado, reparação e continuidade do progresso.
Pensando nos extremos humanos, nas
dificuldades e diferenças tão gritantes, nas oportunidades tão variadas, nas
capacidades e deficiências de toda ordem, como pensar num Deus parcial,
intolerante e injusto diante de quadros que tanto fazem pensar?
E, considere-se ainda, que nos
casos dos aprovados na primeira fase, poderão sofrer reprovação em fase
posterior. E aí como consertamos isso?
Esta pequena reflexão, retirada de
livro ainda inédito nos contos do amigo Felinto Elízio, de Maceió-AL, deve ser
muito bem analisada. Nada mais acrescentamos, deixando o leitor refletir sobre
o que foi exposto. Ninguém é obrigado a aceitar a ideia aqui exposta, mas
também ninguém pode desprezar, em sã consciência, a lógica de tais comparações
e argumentos. Basta pensar um pouco...
A escola é a própria vida. Qual a
destinação depois?
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