Das aflições e do conforto disponível
por Orson Peter Carrara
Doenças,
violência urbana, tumultos próprios do cotidiano humano, angústias interiores,
insegurança, rebeldia dos filhos e dificuldades de relacionamento, medo,
timidez, desemprego, drogas, aborto, suicídio, corrupção e manipulação de
bastidores, calúnias e chantagens, além dos flagelos ocasionados pela natureza
como terremotos, maremotos, enchentes e raios, entre outras causas estão entre
as origens das aflições humanas. Se não bastassem, ainda há a velha questão dos
impactos dos acidentes e mortes inesperadas, causando grande dor e aquela
saudade que dói a casais, pais e famílias inteiras. Também os sofrimentos e
dores de enfermidades prolongadas, a burocracia, as injustiças de todo gênero
ou a precariedade do sistema de saúde e mesmo o grande drama das penitenciárias
e até mesmo o clima com as secas prolongadas e enchentes que derrubam casas e
matam famílias inteiras, neve ou vento que castigam, formam o rol das
preocupações de cidadãos e autoridades. Mas não é só: a ausência de profissionais qualificados, o
crime organizado ou a larga corrupção nos governos, a ingratidão, a
desonestidade, etc., reforçam o desafio de todo dia. Não há necessidade de
continuar. Há outros exemplos a citar, mas não é preciso, afinal o objetivo da
abordagem não é pessimista.
Em
belíssima mensagem assinada por Emmanuel, encontramos a significativa
advertência, que se expressa com doçura e encorajamento. Reproduzo-a na
íntegra, pois que bem compacta:
O problema que te preocupa talvez te pareça
excessivamente amargo ao coração.
E tão amargo que talvez não possas comentá-lo,
de pronto. Às vezes, a sombra interior é tamanha que tens a ideia de haver
perdido o próprio rumo. Entretanto, não esmoreças. Abraça o dever que a vida te
assinala. Serve e ora. A prece te renovará energias. O trabalho te auxiliará.
Deus não nos abandona. Faze silêncio e não te queixes. Alegra-te e espera
porque o Céu te socorrerá. Por meios que desconheces, Deus permanece agindo.
Note o leitor os importantes detalhes: a)
Não esmoreças; b) Deus não nos abandona; c) Alegra-te e espera porque o céu te
socorrerá; d) Por meios que desconheces, Deus permanece agindo. São detalhes que deveríamos guardar na
memória de forma permanente. Afinal expressam a verdade da própria vida. O
convite para não esmorecer é muito expressivo, a afirmação de que Deus não nos
abandona nunca deverá ser esquecida e ao mesmo tempo guardarmos no coração de
que Deus permanece agindo e nos socorrerá.
Isso
faz lembrar a suavidade e doçura das Bem-aventuranças. Parar para pensar no
Sermão do Monte, que significa a mais viva mensagem de esperança e motivação já
trazida à Humanidade. E para refletir mais ainda buscarmos o capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo – Bem Aventurados os Aflitos –, portador
de valiosas instruções ao coração humano, como o Bem e Mal Sofrer, Tormentos Voluntários, Mortes Prematuras,
Infelicidade Real, entre outras. Todas expressando esse conforto disponível
para abastecermos o sentimento de esperança e conforto.
Afinal,
solidarizando-se conosco, afirmou o Mestre da Humanidade: No mundo tereis aflições, mas
tende bom ânimo! Sois a luz do mundo! Sois o sal da Terra!
Ocorre que
o Evangelho é o conforto disponível para todos os momentos. Conforto ativo,
acrescente-se, que nos pede agir, com decisão e firmeza. E na lucidez do
Espiritismo encontramos as diretrizes didáticas para esse bem proceder. Não
esmorecer, como diz Emmanuel, não entregar-se, não permitir-se abatimentos.
Reagir com otimismo, cultivar a alegria de viver. Afinal, como lembra o
Benfeitor: Tende bom ânimo! Deus permanece agindo! Deus nunca nos abandona!
Será
preciso acrescentar mais?
viva do amor! Que confia, que age, que espera e
alegra-se, mesmo diante das adversidades, pois compreende que elas também
cumprem sua função de ensinar, amadurecer...
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