Tropeços
por Orson Peter Carrara
Quem de nós já não “bateu a cara”? Isso
é comum, é humano. Os tropeços da existência humana ocorrem diariamente, isso
não é novidade para ninguém. Eles são resultantes principalmente da
inexperiência no trato com situações novas, necessários, porém, ao aprendizado.
Resultam também da precipitação, da ansiedade, do medo e, claro, da falta de
conhecimento.
Nem sempre estamos capacitados para
atuar em determinada área e aí acontecem as decepções, as frustrações, e mesmo
desequilíbrios emocionais, inclusive com danos à saúde. Estão em todas as áreas
de atividade, até mesmo dentro de casa, na convivência familiar, com a palavra
mal conduzida, o comportamento agressivo e sem psicologia no trato, e se
estendem para a vida social, com os conhecidos desdobramentos das violências e
intensos desafios sociais.
Os tropeços estão na vida individual,
na vida pública, na profissão, nos relacionamentos, na sociedade em geral. Um
motorista negligente e irresponsável, por exemplo, levará o tropeço além das
dificuldades naturais, causando prejuízos e até tragédias. O exemplo do
motorista enquadra-se em muitas outras situações, inclusive na profissão, na
política, na administração de uma empresa, na presidência de uma instituição,
podendo desdobrar-se em grandes prejuízos, falências e mesmo no desvirtuamento
de uma ideia ou da finalidade de uma iniciativa documentada ou fundada com
nobres bases estabelecidas.
Quantas famílias não se desestruturam,
quantas empresas não faliram e quantas instituições respeitáveis não fecharam
suas portas e encerraram atividades em virtude de um ou mais tropeço na área administrativa, advinda
de vários fatores que algumas vezes independe de nossa participação e
planejamento, vindo de tropeços externos e alheios que inevitavelmente também
pode nos atingir, individual ou coletivamente.
Por isso a necessidade do cuidado, do
planejamento com detalhes, da retidão no comportamento, da observação atenta de
circunstâncias passíveis de ocorrer, da prudência em última análise. Esses
fatores, calcados na responsabilidade, evitam desastres e tropeços que na
maioria das vezes ocorrem por descuidos mínimos e negligência declarada.
Por isso a honestidade e a retidão
surgem como fatores expressivos para bem se conduzir. Tais virtudes trazem o
respeito por pessoas, instituições e circunstâncias. Elas evitam fatos que só
ocorrem porque ainda abusamos da vida, negligenciamos os compromissos e achamos
que tudo podemos fazer, esquecendo que muitas atitudes podem prejudicar
terceiros. Todos temos compromisso com a vida e uns com os outros. Essa simples
observância pode evitar muitos tropeços na vida individual e coletiva.
Citemos apenas um exemplo: quem age com
desonestidade não imagina que referido comportamento é um desastre para si mesmo,
em futuro próximo ou remoto. E isso não é castigo da vida, mas meramente uma
consequência natural do próprio comportamento.
O pior dessa história toda é a teimosia
nos comportamentos e decisões que nos permitimos, normalmente geradoras de
grandes tropeços na vida, por não ouvirmos a voz da experiência, da prudência,
do respeito que nos devemos uns aos outros.
Observemos com atenção: os que agem
agressivos, egoístas , indiferentes ou omissos, estão sempre a dar “trombadas“,
tropeçando no cotidiano das experiências.
E, claro, sofrendo com isso.
Muito melhor olharmos a vida com
alegria e bondade, respeitando e seguindo adiante com o compromisso de fazermos
o melhor ao nosso alcance para atenuar as agruras naturais uns dos outros.
Isso, ao invés de tropeços, trará a suavidade de quem compreende, busca e luta
para melhorar a si mesmo. Apesar dos tropeços naturais a que estamos sujeitos e
expostos. A “loucura” de cada dia será substituída pela paz interior de quem
sabe onde quer chegar.
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