Gesto libertador


 Orson Peter Carrara

            A professora e jornalista Elivanete Zuppolini Barbi, coordenadora do curso de Jornalismo da Uniara-Araraquara, durante sua fala na cerimônia de Colação de Grau do curso de Comunicação Social, com habilitação para Jornalismo, proferiu uma frase fantástica:  pedir desculpas, admitir os próprios equívocos é libertador.

A cerimônia, em seu todo, foi muito comovente. As diversas falas, impregnadas de emoção e verdades esquecidas, tocaram o coração de pais, alunos e familiares. A conquista de um título acadêmico já é, por si só, um grande e incomparável acontecimento. Mas a cerimônia em si, por outro lado, satura-se do calor do momento, bem próprio do orgulho dos pais, da alegria dos alunos – suavizados pela conclusão do curso após superações que somente eles mesmos podem avaliar – e da gratidão e lágrimas que vão brotando espontaneamente.

 Estivemos em família. Cássio graduou-se. Foi uma noite de lindas emoções.

Mas a frase da professora chamou muito minha atenção. Ela disse, de improviso, uma verdade esquecida. Sim, é libertador admitir que somos frágeis, que nos equivocamos, e principalmente nos dispormos à humildade de pedir desculpas. Isso porque normalmente somos – é uma tendência humana – incapazes de admitir os próprios equívocos, preferindo o orgulho ferido e a postura inflexível de quem não admite as próprias falhas, situação muito peculiar da condição humana.

Em virtude dessa postura rígida, nos trancamos com os cadeados da intolerância, da agressividade, esquecendo os princípios simples da gentileza, da cordialidade que libertam. É verdade, tornamo-nos escravos da prepotência e da arrogância, esquecendo realmente que “a gente deve ser humilde, estar aberto para aprender sempre, não ter medo de admitir que erramos, pois é muito libertador pedir desculpas, pois é um gesto de grandeza, libertador, pedir desculpas”, como acrescentou a professora no e-mail que trocamos logo na manhã seguinte.

Foi muito feliz a professora em trazer para uma cerimônia de colação de grau, onde estão os alunos e seus mestres, mas também diferentes famílias, a lembrança dessa notável virtude que é a humildade, sempre tão esquecida e tão essencialmente libertadora...

Parabéns aos alunos, minha gratidão e cumprimentos aos Mestres, em especial à Professora Vanete, como costuma ser chamada, e, claro, meu abraço de pai ao Cássio. Identificado com a fascinante área da comunicação, de tantas alegrias, possibilidades e responsabilidades, tem em mãos um instrumento valoroso de contínuo aprimoramento pessoal.

O mundo das letras, da voz e das imagens, como tantos outros universos, é de imensos aprendizados. Inclusive o da humildade de aceitar os fatos e as pessoas como são, sem agressões ou rebeldias, de nos colocarmo-nos no lugar daqueles sobre quem divulgamos notícias, respeitando-os. Mas também de uso do teclado –  em outros tempos usaríamos a pena ou a caneta – para orientar, motivar, esclarecer, noticiar e partilhar informações com as bagagens e conteúdos que vamos adquirindo com as experiências trazidas pela vida.

Há muito que fazer – como também disse a professora em sua fala – com as  possibilidades da comunicação, especialmente com o advento virtual, que é inesgotável, infinito. Que os novos bacharelados guardem consigo essa consciência.

Grato, meu filho, pelas emoções que nos deu ontem! Parabéns! Como já te disse muitas vezes, na infância: Nunca te esqueças do Cristo! Agora mais do que nunca. 

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