Terá que ser construído

Orson Peter Carrara

Um dia alguém perguntou: até quando o mundo ficará sob a égide das dificuldades sem conta que se acumulam e se repetem todo dia? A pessoa indagada disse que enfrentou a mesma dúvida a saiu na procura de resposta, que encontrou. Trago aos leitores no poema O Dia Prometido, que foi a resposta àquela dúvida:

Deslocando-me no espaço,
Para o mundo visitar
Na ânsia de levar meu abraço
No esforço quase inaudito
Roguei ao Senhor do Infinito
Duas asas para voar
E o Senhor da Eterna Grandeza
Impulsionou-me no espaço a fora
E eu que contava ver tanta beleza
De fato, ouvi cantar a Natureza
Mas vi também o ser que chora
Visitei países tão estranhos
Que mais pareciam mundos de degredos
Vi pastores espancar rebanhos
Vi brancos humilhar os negros
Vi hospitais superlotados
De seres desequilibrados
No auge da idiotia
Vi crianças chorar a noite
Tendo fome por açoite
E seus pais a dormir de dia
Vi mãos maternas cruzadas sobre o peito que não arfava
Irrigado pelas lágrimas de um menino que soluçava
Então me voltei ao Senhor das Alturas
Queria saber qual o dia do destino
Que marcava para a Terra
O nascer da felicidade
E o morrer dos desatinos
Respondeu-me o Senhor com bondade
O dia já foi prometido
Mas antes terá que ser construído
Por essa Humanidade
O dia perene do Amor e da Caridade!

            O belíssimo poema, de autoria de José Grosso, está no belo romance A Casa da Lareira, oportuna e comovente obra do amigo Alvaro Basile Portughesi. O dia do amor e da caridade, esta que não se resume na doação de coisas, mas na vivência plena do respeito às diferenças e do esforço permanente pela gentileza, pela bondade, pela atenção, pela fraternidade.  Terá mesmo que ser construído... Está mesmo tudo por fazer.

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