Ciumentos e invejosos
por Orson Peter Carrara
Não há dúvidas de que, basicamente, são dois os sofrimentos que
experimentamos na vida humana: os sofrimentos morais, oriundos das aflições,
remorsos, medos, entre outros quesitos e os materiais, próprios da vida
material e muitas vezes independente da nossa vontade.
Interessante porque no caso das enfermidades, os
sofrimentos se confundem nos aspectos moral e espiritual, face às origens e
desdobramentos dos mesmos.
A
questão se torna ainda mais abrangente quando percebemos os sofrimentos
oriundos do orgulho ferido, da ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a
inveja, o ciúme e todas as paixões, em uma palavra, constituem torturas para a
alma.
Sim,
torturas. Invejosos e ciumentos torturam-se com a alegria e o progresso do
próximo, o que é uma bobagem. Antes, mais inteligente, é alegrar-se com as
conquistas, alegrias e vitórias de outras pessoas. Mais inteligente porque
estamos melhorando o ambiente, o psiquismo do planeta. Afinal, estamos todos
destinados à felicidade e o momento difícil que possamos enfrentar é apenas o
indício de felicidade futura. Mas, pela tendência humana egoística,
estacionamos na comparação, o que causa sofrimento.
A inveja e o ciúme são autênticos vermes roedores
da tranquilidade. Com eles não há calma, nem repouso. São como verdadeiros
fantasmas que não dão trégua e costumam tirar até o sono, causar úlceras. É
como se fosse uma febre contínua, que não cessa. Tudo pelo efeito da comparação,
da baixa autoestima.
É que
não percebemos. Alimentando vaidades, ambições, ansiedades, invejas e ciúmes,
lutamos contra nossa própria paz.
Do ponto de vista dos sofrimentos materiais, muitas
vezes somos os próprios artífices dessas ocorrências. São decorrentes dos
descuidos, negligências, atrasos, impaciências e precipitações, entre outras
causas. Em alguns casos independem de nossa vontade, como nos casos de
acidentes causados por outras pessoas ou mesmo nas calamidades naturais.
Todavia, pequena reflexão nos fará ver que no caso
dos sofrimentos morais nossa responsabilidade é ainda maior. Muitos deles
poderiam ser evitados com a calma, a paciência, a fé e mesmo a confiança na
vida. E mais ainda se dermos um basta na maledicência, na revolta interior, na
inconformação, na reclamação ou na perniciosa tendência de diminuir-se e fazer
comparações com bens e posições de outras pessoas.
Ora, cada pessoa está no estágio e posição que lhe
é própria. Ninguém é maior do que ninguém, nem menor. Por isso, não há porque
se sentir diminuído ou preterido. Em tudo há sábias razões da vida que visam
nos proporcionar aprendizados.
São
reflexões que extraímos da sabedoria das palavras seguintes: “(...) Deus deixa
ao homem a escolha do caminho; tanto pior para ele, se toma o mau: sua
peregrinação será mais longa. Se não houvesse montanhas, o homem não poderia
compreender que se pode subir e descer, e se não houvesse rochedos, ele não
compreenderia que há corpos duros. É preciso que adquira experiência e, para
isso, é preciso que ele conheça o bem e o mal. (...)”, de transcrição parcial
em conhecida fonte de conhecimentos.
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