Consciência política
por Orson Peter Carrara
Entrevistei
o vereador MARCOS PAPA, de Ribeirão Preto-SP. Suas lúcidas respostas, embora
parcialmente aqui transcritas, são bem oportunas para um ano eleitoral como
2014. Trago aos leitores alguns trechos das principais perguntas:
Qual o maior obstáculo ao cumprimento ideal
político saudável, considerando os objetivos do partidarismo político?
O partido
deve permitir que seus filiados elejam seus dirigentes; poucos são assim no
Brasil. A maioria deles possui presidentes com poderes imperiais que nomeiam
quem lhes atendem aos interesses eleitoreiros de cada eleição, desconsiderando
a realidade de cada cidade. Cada cidadão deve conferir se o partido do seu
candidato preferido é realmente um partido político ou uma agremiação de um
dono. Se não encontrarmos um partido que espelhe melhor os nossos ideais,
podemos e devemos fazer política fora dos partidos políticos. Os Conselhos de
Direito criados pela Constituição de 1988 para a população determinar sua pauta
de necessidades ao poder público estão ocupados pelos governos porque a
sociedade ainda não acordou para isso e é do interesse do poder político
estabelecido que continue dormindo e dizendo que não gosta de política, pois
assim age como bem quer. Há o Conselho Municipal de Educação, de Saúde, de
Cultura, de Segurança etc. Cada um de nós tem uma aptidão e pode colocar-se a
serviço de sua comunidade num desses Conselhos.
Por que a política seduz tanto a ponto de
corromper muitos?
O poder
não muda ninguém; ele revela! Se já realizamos em nós os valores éticos
universais de justiça, fraternidade, caridade e lealdade, por exemplo, nada nos
corromperá. (...) Escolher quais tendências alimentar, o que plantar, é da
nossa conta. A colheita será obrigatória. Aprendemos que “a cada um será dado
segundo suas obras”.
O que dizer da consciência de voto?
Imprescindível.
Precisamos de caridade para com todos, porque vivemos em sociedade. Devemos
cuidar da cidade. Cuidando da cidade, cuidamos das pessoas que vivem conosco e
nos livramos dos políticos clientelistas que dependem da perpetuação da
desgraça para fazerem favores individuais e terem vida longa na política. O
voto é a oportunidade que temos de separar o “joio do trigo”. Urge aprimorarmos
as leis eleitorais, como as sociedades desenvolvidas fizeram, mas enquanto as
regras forem essas, precisamos usá-las com inteligência em benefício de todos.
E as grandes reformas políticas de que o
país precisa, em que estágio se encontram?
Muito
atrasadas, porque ferem interesses cristalizados por uma burocracia ineficiente
e vampiresca. Quando a sociedade tomar a sábia decisão de cuidar do que é dela,
aos poucos promoveremos mudanças saudáveis.
Como formar uma mentalidade política
saudável no grande público?
Somos
divinamente vocacionados para a fraternidade, mas ainda estamos egoístas. Somos
uma família universal e precisamos despertar para a necessidade de uma postura
socialmente fraterna. Seremos cobrados por isso porque as oportunidades estão
diante de nós, mas cada alma faz seu próprio despertar. Aprenderemos pelo amor
e pela dor a assumir atitudes em defesa de uma sociedade mais justa e fraterna
e para isso fatalmente deveremos nos envolver com questões políticas. Somos
comandados por políticos. Eles criam as leis que regulam nossa vida em
sociedade. Ou tomamos a iniciativa e reagimos, ou regularão nossas vidas como
bem entendem. Aprenderemos a identificar os profanadores dos ideais de
progresso e justiça e os baniremos da vida pública.
Algo marcante que gostaria de acrescentar?
A
sociedade, o cidadão comum, precisa urgentemente oferecer apoio político aos
que, por amor, abraçaram trabalhos no campo da política, do contrário, os
operadores políticos tradicionais continuarão a controlar tudo segundo seus
interesses gananciosos e não os da comunidade. Os modernos “vendilhões do
templo” oferecem apoio político aos seus escolhidos. Os traficantes, os
prevaricadores, etc., oferecem apoio e depois cobram de seus eleitos o retorno
de seus “investimentos”. Precisamos romper esse círculo vicioso oferecendo
apoio àqueles que realmente desejam servir à sociedade. Aqui um cuidado: sempre
perguntar ao pretendente de nosso apoio o que ele já fez para que possamos
acreditar no que está dizendo que fará. Ele deve necessariamente apresentar sua
folha de serviços prestados. Devemos estudar, escrutinar sua biografia, porque
papel e discurso aceitam de tudo, mas história tem quem realmente fez.
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