Você amaria assim?
Orson
Peter Carrara
Um
casal unido e trabalhador residia nos arredores de Boston e casados há 20 anos
e sem filhos. Em 1947, após a segunda guerra, o marido recebeu uma proposta
para trabalhar na reconstrução do Japão e, sendo engenheiro, realmente as
chances eram boas. Seria um ano de separação apenas, o que foi aceito a muito
contragosto da esposa.
Como, à
época, as comunicações não eram tão fáceis, eles trocavam cartas e vez por
outra, por ondas de rádio, em equipamentos do governo americano. Ambos choravam
de saudades, cortados pela distância. No décimo mês ele escreveu informando que
foi convidado a permanecer mais seis meses. Ela reagiu com tristeza e protesto,
mas ela a convenceu do ganho material que resultaria de mais seis meses naquela
missão.
Ao
completar-se o quarto mês do novo contrato, faltando, portanto, dois meses para
seu retorno, ele enviou extensa carta informando que apaixonara-se pela
camareira e já havia, inclusive, se casado com ela, tendo solicitado o divórcio
pelos meios legais. Pediu perdão à esposa e deixou na mulher uma sensação clara
de um grande choque emocional, que perdurou por vários dias, gerando
sentimentos de intenso ódio, face à traição que a atingiu.
Quatro
meses depois ele escreveu comunicando que seria pai. A criança nasceu, uma
linda menina, ele enviou uma foto e mais algum tempo nova carta chegou com
outra notícia, agora da segunda gravidez. Outra menina nasceu. Ele novamente
enviou nova foto, agora com as duas filhas e a esposa.
Um
tempo depois outra notícia que a abalou sensivelmente: ele foi diagnosticado de
câncer com expectativa de vida de apenas quatro meses, no máximo, o que se
consumou mais tarde com carta da segunda esposa informando a morte do marido.
Alguns
anos depois a viúva enviou-lhe carta, solicitando ajuda, pois a situação no
país era terrível e o marido não recebia o que dizia que recebia e não quis
preocupar a primeira mulher quando se deparou com a situação real. A primeira
mulher iniciou ajuda à segunda esposa do próprio ex-marido, a ponto inclusive
de atender pedido da japonesa para receber as filhas do ex-marido, pois a
japonesa não tinha mais como cuidar dela, tal a precariedade da situação.
Recebeu as meninas com intensa emoção, estavam com 3 e 5 anos. Cuidou delas com
amor.
Mais
tarde travaria outra luta jurídica no país para trazer a japonesa para cuidar
das filhas. Foi a um jornal e contou a história, que foi publicada para
sensibilizar o governo, que permitiu a vinda da japonesa. Haviam implicações
diplomáticas com a questão, à época.
Ao
receber a esposa do seu ex-marido no aeroporto a sensação inicial foi de
revolta, vencida pela constatação de que ela estava num país estranho, sem
conhecer o idioma, entregue à uma situação constrangedora, concluindo que
aquela menina estava vivendo um grande conflito, pelo constrangimento da
situação. Ao se encontrarem, venceram todas as barreiras, se abraçaram e
choraram convulsivamente.
Tornaram-se
grandes amigas, as filhas agora tinham a mãe. Os anos passaram e, com idade um
pouco avançada, Luisa – a primeira esposa – escreveu seu testamento e deixou
sua decisão nos seguintes termos: “Inicialmente Deus me brindou com um grande
amor! E este amor, por alguma razão que desconheço, Deus resolveu subtrair de
meu caminho. Mas como o Criador é muito sábio, Ele multiplicou por três aquele
amor que se foi. Sou imensamente feliz, porque Deus substituiu um amor ausente
por três pérolas do Oriente, que são os amores de minha vida. Portanto todos os
bens que acumulei (...) eu ofereço à minha filha japonesa Aiko e às minhas
netinhas. ” Ela morreu dois meses depois.
Na
reportagem publicada, ao concluir a narrativa, o jornalista resolve fazer uma
pergunta de grande significação ao leitor: “Você amaria assim? ”. A pergunta deu título à reportagem. Essa
linda história foi extraída do extraordinário livro Sexo e Consciência, de quase 600 páginas, organizada pelo
farmacêutico e professor universitário Luis Fernando Lopes, Mestre em
Psicologia pela USP, repleto de casos comoventes envolvendo a temática do sexo
(como aborto, traumas e aberrações sexuais, homossexualismo, prostituição,
entre outros), após dez anos de pesquisa audiovisual nas narrativas do tribuno
Divaldo Pereira Franco. Aqui fizemos mero resumo da história, muito mais rica
no original, indicando o livro ao leitor, perguntando-nos uns aos outros:
seríamos capazes de amar assim? O livro
pode ser adquirido pelo telefone 0800 707 1206. Não tenho como não recomendá-lo
aos leitores.
Nenhum comentário:
Agradecemos sua visita e seu comentário!
PS: Se necessário, o autor responderá.