A Crise do Dirigente

Orson Peter Carrara 

Observe, amigo dirigente espírita, quando as coisas estão confusas na instituição sob sua responsabilidade e direção. Preste atenção no desequilíbrio que muitas vezes toma conta das atividades, no andamento "amarrado" das situações, nos relacionamentos difíceis, nas crises que se instalam ...

Pense bem. Retome passo a passo até tentar achar a origem dos desequilíbrios e você verá, concluindo, que muitas vezes ou pelo menos em sua maioria a crise da instituição está primeiramente na crise do dirigente. Os desequilíbrios do dirigente, mesmo suas carências individuais, refletem diretamente na instituição que dirige. É claro que uma instituição com um grupo bem formado, equilibrado, consegue muitas vezes superar uma crise de seu dirigente, mas na maioria das vezes, constataremos o reflexo direto da vida pessoal do dirigente refletida diretamente na instituição.

Quando ele está bem, transmite sua segurança e tranquilidade a todo o grupo. Quando ele está bem, estruturado no conhecimento e vivência espírita, a instituição também está bem. Mas, quando ele está vivendo período de conflitos interiores, quando se sente desequilibrado, fruto de sua própria condição humana ou pela ausência do estudo e vivência espírita, encontraremos o reflexo direto na instituição ... Afinal, uma instituição, seja em qualquer área que atue, sempre reflete o conhecimento de seus dirigentes.

É assim que encontraremos sólidos grupos que estudam e trabalham, refletindo diretamente o direcionamento nesta área, imprimido pela sua direção. É da mesma forma que encontraremos grupos unidos, fortalecidos pelo ideal espírita, mostrando a mesma postura de seu dirigente. Mas também encontraremos grupos desestruturados, "capengando" sem rumo, entregues ao sabor das circunstâncias, como seus próprios dirigentes... Isto não é regra, é bom lembrar. Existem dirigentes esforçados, com grupos difíceis, com desafios de grande porte, apresentando oportunidades de mais trabalho, face às dificuldades de seus integrantes e aí não só do dirigente.

E há também os grupos que se deixam absolutamente dirigir meramente por supostos "mentores" espirituais. Aí normalmente é onde se instalam os maiores desequilíbrios, pondo às claras o próprio desequilíbrio de seu suposto mentor.

A verdade é que viver harmoniosamente é um dos maiores desafios da existência e os dirigentes, somos todos criaturas frágeis, falíveis. Colocamo-nos como dirigentes de instituições, administrando recursos humanos e materiais, mas nossas dificuldades sempre irão refletir nesta administração. Mas apesar disto, é preferível administrar com dificuldades e deficiências do que deixar de levar adiante um trabalho que está nos ensinando a viver e ainda ajudando outras pessoas. É melhor fazer que deixar de fazer, mesmo que imperfeitamente.

Novamente surge aí a proposta espírita da renovação que precisamos alcançar.

Uma vez mais, surge o desafio para que as instituições aprimorem suas atividades e isto requer uma postura decidida de seu dirigente, que precisa ouvir e sentir os integrantes da instituição que dirige. A postura de colocar-se num pedestal, apresentando-se simplesmente como um mero dirigente – sem vencer as próprias dificuldades, tem sido uma das causas dos conflitos em nossas instituições. Daí a recomendação do Mestre: "aquele que quiser ser o maior, que seja o servidor de todos".

E mais interessante é que esta análise cabe tanto para nossas instituições espíritas como para as demais instituições humanas, inclusive governamentais, pois que o desequilíbrio do homem é que desequilibra suas instituições.


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