Quarenta anos do Metrô de São Paulo
Orson Peter Carrara
Foi no dia 14 de setembro de
1974, um sábado, que inaugurou-se o metrô paulistano, seis anos depois da
fundação da Companhia do Metropolitano de São Paulo, responsável pelo planejamento, projeto, construção e operação do
sistema de transporte metropolitano ferroviário na região metropolitana da
capital paulista, a maior cidade do país.
Os números são impressionantes: dezenas de estações e de quilômetros
totais no sistema, milhares de passageiros diariamente, integração com
terminais rodoviários e também com outro sistema ferroviário, a conhecida CPTM
e uma extensa carga horária diariamente, além, é claro, do número de
funcionários e todos os desdobramentos decorrentes de manutenção e
funcionamento do sistema, sem dizer do significado de sua existência na
movimentação interna na capital.
Saturado de passageiros, o metrô
não deixa de ser, todavia, uma obra maravilhosa de engenharia. Basta parar para
pensar na estrutura global que envolve todo seu planejamento, projeto,
construção e operação diária. A beleza das estações mais novas, o mecanismo
todo da engenharia projetada e executada e mesmo seu funcionamento indicam do
que é capaz a inteligência humana.
É um dos frutos diretos da Lei de
Progresso que dirige os destinos humanos. A inteligência humana, atendendo às
necessidades sociais que gradativamente se apresentam, é capaz de desenvolver
um sistema como o do funcionamento do metrô, que nasceu para circular nos
subterrâneos da cidade, oferece também em muitos trechos a circulação à luz do
sol.
Mas o tema é apenas desculpa para
falar da inteligência humana, capaz de tantos prodígios na área do conforto
físico e das facilidades tecnológicas e ainda vacilante que estamos no
aperfeiçoamento moral que expulse para sempre o egoísmo, o egoísmo e a vaidade
de nossas cogitações diárias.
Eis o desafio a que somos
convocados. Diante de tantas maravilhas da engenharia, da genética, da
odontologia, da medicina, da aviação, das artes em geral e de toda a tecnologia
disponível em diversificadas áreas, somos agora chamados à uma nova ordem
social onde reinem o respeito e a solidariedade, a fraternidade e o empenho
permanente com o bem mútuo uns dos outros.
Seria o caso de nos indagamos
continuamente o que é o bem geral, mútuo. Essa indagação estando presente em
nossas cogitações, nos fará enxergar necessidades e providências que o egoísmo
é capaz de cegar e nos fazer insensível aos apelos diários da vida. Voltar os
olhos e a atenção à nossa volta, contudo, estendendo o olhar de serviço e
solidariedade, indica o quanto ainda precisa ser feito para que tenhamos uma
humanidade melhor.
Fechar-se nos interesses próprios
é fácil e cômodo. Não dá trabalho. A vida, todavia, é lição permanente de
trabalho continuado e solidário.
Tenhamos, pois, gratidão, ao
progresso material extenso que nos traz conforto e facilidades, executando em
nós mesmos o aprimoramento moral ainda capenga...
Não há como não citar o
expressivo fato das quatro décadas de metrô, cumprimentando o trabalho conjunto
de profissionais que o tornaram possível, facilitando a vida coletiva, mas ao
mesmo tempo que a realidade de concreto nos conclame também à solidez moral que
ainda tanto carecemos.
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