Desceu do animal
Orson Peter Carrara
A
primeira atitude daquele homem foi descer do animal, um cavalo ou um camelo. Em
sua caminhada encontrou aquele homem ferido, que havia sido desprezado por dois
outros que ali passaram, conforme narra a conhecida Parábola do Bom Samaritano. Todo mundo conhece a parábola, nem é
preciso narrar novamente. Seus personagens e desdobramentos são muito
conhecidos e as lições morais daí decorrentes igualmente tocam o coração humano
com lições incomparáveis.
Deixemos,
todavia, aquelas lições já conhecidas, divulgadas e disponíveis para quem
deseja ampliar o assunto e conhecer mais. Fixemo-nos na ocorrência da decisão do
terceiro personagem, o bom samaritano, que encontrou o homem caído e ferido.
Sua
primeira atitude foi descer do animal que o transportava. Isso não se deve
apenas ao fato da comodidade de estar mais próximo, mas mostra a postura de
decisão, de humildade principalmente, ao aproximar-se do enfermo caído. Antes
de qualquer outra iniciativa de apoio que se sucedeu, como conhecida, ele antes
desce do animal, aproxima-se, verifica a necessidade, para depois, então, agir
como exigia o momento.
A
ocorrência é repleta de ensinos. Ele sentiu a dor alheia, preocupou-se com a
dificuldade, não se manteve no pedestal da facilidade de locomoção que se
encontrava – o que naturalmente pode ser comparado com as facilidades do nome,
do cargo, da posição social, entre outras circunstâncias –, que todos
normalmente desfrutamos.
Ao
aproximar-se, providenciou o que era necessário, como conhecido. Antes, a
indiferença dos outros dois personagens. Sua aproximação, contudo, mudou todo o
quadro da história. Desceu do animal com a disposição de ajudar, de fazer-se
presente no que era necessário, de levar adiante as providências que o momento
exigia.
As
lições preciosas da citada parábola estão em todo o trecho. Desde o orgulho e a
indiferença dos outros dois personagens e ganha destaque já a partir da decisão
de socorrer o infeliz, quando, então, desce do animal.
Sim!
Precisamos observar atentamente este dado inicial da parábola. Também
precisamos descer dos pedestais do orgulho, do egoísmo, da prepotência, da
vaidade, da indiferença. Na verdade, trazemos conosco o dever de atenuar as
agruras alheias. Fácil? Nem sempre! Muitos desafios se apresentam nessa decisão
de auxiliar a quem precisa, mas é importante que não permaneçamos indiferentes,
que façamos o que esteja ao nosso alcance.
E
esta decisão não se resume apenas no socorro à dificuldade alheia. Ela pode ser
ampliada por meio da boa vontade e da disposição em ser útil. Também se encaixa
perfeitamente em facilitarmos o andamento das providências e ocorrências do
cotidiano. Seja no trato com um animal doméstico, com uma criança, com idosos,
com outros adultos de nosso relacionamento, perante as providências diárias, na
vida social, familiar ou profissional.
Desçamos,
pois, de nossas pretensões. Aproveitemos a bela lição para revermos nossos
próprios comportamentos perante perspectivas da própria vida e principalmente
perante as dificuldades alheias...
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