Frutos
– Orson Peter Carrara
Note o leitor como o texto abaixo
é atualíssimo para a realidade do país e que especialmente pode ser aplicado à
nossa realidade individual interior. Ele foi escrito em 1863 e retrata bem o
descuido que vivemos com os autênticos valores que deveríamos preservar. A
situação política do país é um reflexo direto desse descuido. Peço ao leitor
ler atentamente com os olhos da pesquisa imparcial. O texto é todo construído
com imagens simbólicas, de alto alcance filosófico e deve ser lido além das
formas, além da moldura das palavras.
“(...) Os frutos da árvore da
vida são os frutos de vida, de esperança e de fé. (...) A árvore é sempre
boa, mas os jardineiros são maus. Eles quiseram conformá-la à sua ideia, quiseram modelá-la segundo as suas necessidades; eles a cortaram, diminuíram-na, mutilaram-na; seus ramos estéreis não produzem maus frutos, pois nada produzem. O viajor sedento que se detém sob sua sombra para procurar o fruto da esperança que lhe deve restituir a força e a coragem, não distingue senão ramos infecundos fazendo pressentir a tempestade. Em vão, ele procura o fruto da árvore de vida; as folhas caem secas; a mão do homem de tanto manejá-las, queimou-as. (...)”.
boa, mas os jardineiros são maus. Eles quiseram conformá-la à sua ideia, quiseram modelá-la segundo as suas necessidades; eles a cortaram, diminuíram-na, mutilaram-na; seus ramos estéreis não produzem maus frutos, pois nada produzem. O viajor sedento que se detém sob sua sombra para procurar o fruto da esperança que lhe deve restituir a força e a coragem, não distingue senão ramos infecundos fazendo pressentir a tempestade. Em vão, ele procura o fruto da árvore de vida; as folhas caem secas; a mão do homem de tanto manejá-las, queimou-as. (...)”.
E prossegue com propriedade:
“(...) Aquele que a plantou vos
convida a cuidá-la com amor, e a vereis produzir ainda, com abundância, seus
frutos divinos. (...) não a mutileis; sua sombra intensa quer se estender sobre
o Universo; não encurteis seus ramos. Seus frutos benfazejos caem em abundância
para sustentar o viajor sedento que quer atingir o objetivo; não os colheis,
esses frutos, para os guardar e os deixar apodrecer, a fim de que não sirvam a
ninguém (...); a árvore que produz bons frutos deve distribuí-los para todos.
Ide, pois, procurar aqueles que estão sedentos; conduzi-os sob os ramos da
árvore e dividi com eles o abrigo que ela vos oferece. (...)”.
A linguagem simbólica indica
claramente o egoísmo que ainda nos caracteriza a condição humana, preocupados
que ainda estamos em acumular, esquecidos ou negligentes dos cuidados com os
valores reais da vida e seus frutos, manipulando, moldando aos nossos
interesses e adaptando-os às nossas ideias, nem sempre saudáveis, mutilando-os
em seus reais objetivos. E tudo isso com prejuízos enormes à coletividade que
busca, sedenta, seus frutos de vida, de esperança e fé. Seria o caso de
pensarmos no alcance da expressão: frutos de vida, esperança e fé, além das
palavras e em toda sua abrangência.
O egoísmo é o grande responsável
por esse quadro de interesses, dos quais estamos assumindo enorme
responsabilidade perante a vida e seus nobres objetivos.
A transcrição parcial, porém, não
é desanimadora. É antes, construtiva, convidando à fraternidade: “(...) segui
aqueles que vos conduzem à sombra da árvore da vida (...)”.
Afinal, reconhece-se o cristão pelas suas obras, como indica o título do
texto. E essas obras produzem a pura brisa da harmonia individual e social,
pois que “A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e
aniquila as misérias sociais”.
A crise moral que se abate sobre
o país é resultante do esquecimento de princípios básicos de amor e conduta
reta e poderemos alterar tudo isso a qualquer tempo, fazendo as mudanças dentro
de nós, que se refletirão inevitavelmente na vida social.
Extraídos de O Evangelho Segundo o Espiritismo, em transcrição parcial dos
capítulos XI e XVIII, os textos oferecem reta orientação aos desafios da
atualidade.
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