Lamentáveis confusões
Orson Peter Carrara
Fico triste e lamento quando ouço informações equivocadas sobre
pessoas, instituições, práticas e atividades, cujo conteúdo divulgado denota o
desconhecimento de quem se torna o autor desses equívocos, absurdos ou
distorções que torna público.
Isso ocorre em todas as áreas. Calúnias, exageros verbais ou
escritos, informações precipitadas, julgamentos pré-concebidos, inverdades
produzidas ou inconscientemente divulgadas, formam o rol de pseudo-orientações
que só prejuízos e confusões causam à vida pessoal ou coletiva de uma família,
cidade ou nação.
Que o digam os bastidores políticos de uma pequena cidade ou mesmo
do país, como ocorre em toda parte. Escândalos e corrupções que mancham a
dignidade humana. Igualmente as manipulações que envolvem interesses nem sempre
divulgados, em empresas, famílias, e na sociedade em geral. Que pena! É mesmo
de se lamentar. Acabamos não percebendo que estamos prejudicando a nós mesmos!
Sim porque tais atitudes, manipulações e a busca desenfreada de
interesses nem sempre recomendáveis, com prejuízos para terceiros – morais ou
materiais – redundarão sempre em aflições no futuro, cedo ou tarde, exigindo
reparações, além das lamentáveis consequências coletivas para toda a sociedade.
Claro, pois um ato impensado, precipitado, imoral, traz desdobramentos em suas
consequências que acabam por atingir outros que, aparentemente, não estavam
envolvidos com a questão.
É que estamos todos muito ligados uns aos outros. E toda ação gera
reações que longe estamos de compreender em sua totalidade.
Vejo, por exemplo, quantos preconceitos existem ainda entre ideias
religiosas. Recebemos informações equivocadas e guardamos como paradigmas
certos, como se completos e exatos fossem, muitas vezes frutos da ignorância ou
manipulação maldosa de quem não deseja que a ideia seja aceita ou progrida no
seio da sociedade.
Todavia, antes de combater ou vincular ideias e práticas a absurdos
lamentáveis, deveríamos – isto sim – conhecer, até por uma questão de
honestidade, para sermos igualmente um divulgador ou defensor da paz social,
muitas vezes advinda da ideia que combatemos.
É comum, todavia, que quando algo não nos agrada, generalizarmos e
acharmos que ela não serve, não presta. Todavia, aquilo que não nos serve, pode
ser de grande utilidade para outros. Por isso, para citar essa única razão –
entre outras inumeráveis – que direito temos de combater uma ideia e vinculá-la
a algo que nossa ignorância não consegue compreender?
Temos visto, por muitos lugares, a confusão que fazem, por exemplo,
da Doutrina Espírita, com práticas de magia, cartomancia, despachos, conversa
com mortos, promessas, consultas a pretensos médiuns e espíritos
inescrupulosos, em aspectos absurdos e totalmente distantes da seriedade e
nobreza do Espiritismo. Ou atitudes de preconceito de uma religião para com
outra. Para que isso?
Quem pode se arvorar como detentor da verdade absoluta? Não somos
todos alunos de uma imensa escola?
E, por esta pretensa detenção da verdade, saem muitos a criticar ou
a misturar a seriedade de homens, instituições e ideias, a práticas reprováveis
e comprometedoras da dignidade humana. E isto tanto na religião, quanto na
política, como na administração. Que pena! Que lamentável ainda nos perdermos
com isso...
Muito melhor usar nossa voz no rádio, nossa imagem na TV, nossas
mãos que digitam ou as páginas que fazemos circular pela imprensa como
instrumentos de progresso, orientação e dignidade.
Os resultados seriam a paz
social, o progresso, a ordem, a felicidade.
Enquanto não aprendermos isso, a humanidade continuará a sofrer os
efeitos de sua própria inconsequência.
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