Textos dos Evangelhos
As lições de Jesus
comparam-se a pequeninas sementes, todas elas contendo substâncias que se
multiplicam inesgotáveis à nossa visão e raciocínio, abrindo horizontes
encantadores de emoção, sabedoria, esperança. Por isso é necessário ir além das
palavras no estudo e reflexão das parábolas, ensinos, exemplos, convites e
apreciações trazidos nas anotações dos evangelistas.
Como se sabe Jesus nada
deixou escrito, mas marcou nossas almas com suas lições inesquecíveis. Com os
recursos precários de registro e comunicação da época em que viveu, seus
ensinos e parábolas foram anotados pelos chamados evangelistas, cujos textos
atravessaram o tempo e chegaram até nós, apesar das dificuldades de tradução e
mesmo multiplicação de tais conteúdos, inclusive com erros e deturpações
introduzidas, seja pela precariedade da época, seja por outros interesses. A
parte moral, todavia, é inatacável.
Muitos autores
dedicados se debruçaram sobre esses textos para estuda-los a fundo, retirando a
essência dos ensinos e nos fazendo perceber continuamente o tesouro de lições
imorredouras a nosso dispor, como autênticos roteiros de vida para nossa
felicidade.
Entrevistamos um desses
estudiosos, o jovem Artur Valadares, de Patrocínio (MG) e cursando doutorado em
São Carlos (SP). A entrevista, na íntegra, ainda inédita, é muito rica de
conteúdo. Selecionamos duas perguntas e suas respectivas respostas para a
coluna da semana:
3 - As histórias e relatos, referências e exemplos anotados pelos
evangelistas trazem algo mais além das letras? Como? Por que?
Sim, primeiro
porque uma das características da própria linguagem e cultura semitas, bem como
das tradições rabínicas da época, era a transmissão dos ensinamentos de maneira
intuitiva e simbólica, um reflexo da tradição milenar de propagação oral do
conhecimento. Além disso, precisamos levar em conta a inspiração espiritual do
Plano Superior durante o processo de redação dos textos do Evangelho, como
Emmanuel nos esclarece no livro A Caminho da Luz. Com o auxílio das obras
básicas e subsidiárias da Doutrina Espírita, em especial da coleção Fonte Viva
de Emmanuel/Chico, podemos perceber de maneira mais profunda a dimensão da riqueza
espiritual oculta por trás dos véus da letra. Um dos maiores colaboradores para
este tipo de estudo foi o querido confrade, ex-presidente da UEM, Honório
Onofre de Abreu. Ele organizou um livro sobre o tema, intitulado Luz
Imperecível, que estabelece as bases para esta metodologia de estudo, com
vários exemplos práticos de como se extrair da letra o espírito imperecível dos
ensinamentos de Jesus.
4 - Por que Jesus usou essa didática? O que ele desejava alcançar?
Como diz o próprio
Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, os pontos essenciais da doutrina
do Cristo sempre foram claros e explícitos, como por exemplo a posição da
caridade e da humildade como elementos fundamentais no processo de iluminação
espiritual. Os demais pontos foram trabalhados por Jesus, pelo menos para o
grande público, de maneira velada, pois ele sabia que só o tempo poderia trazer
uma maturidade mais adequada para a compreensão de determinadas verdades
espirituais que necessitavam de um desenvolvimento científico e filosófico do
espírito humano ainda a ser realizado. No entanto, todas essas verdades estão
inseridas de maneira alegórica e simbólica em seus ensinamentos e cada espírito
pôde, a seu tempo, compreendê-las se para tal se esforçou. São como sementes,
aguardando o momento propício para a germinação.
O texto integral da entrevista, com suas perguntas e respostas, será
publicado pela revista eletrônica O CONSOLADOR – www.oconsolador.com.br – em data a ser definida, mas
antecipamos aos leitores duas das questões e suas lúcidas respostas.