Na apresentação de Emmanuel

por Orson Peter Carrara

O conhecido livro Nosso Lar, que transformou-se posteriormente com a inclusão de novos livros na conhecida Série André Luiz ou Coleção Vida no Mundo Espiritual, ditado pelo Espírito André Luiz ao médium Chico Xavier, traz na apresentação de Emmanuel, com o título Novo Amigo, a significativa advertência: “(...) Não basta investigar fenômenos, aderir verbalmente, melhorar a estatística, doutrinar consciências alheias, fazer proselitismo e conquistar favores de opinião, por mais respeitável que seja, no plano físico. É indispensável cogitar do conhecimento de nossos infinitos potenciais, aplicando-os, por nossa vez, nos serviços do bem. (...)”.


Como já se sabe, a conhecida Série relata as experiências vividas – e aprendizados daí decorrentes – pelo Espírito que identificou-se com o pseudônimo de André Luiz, imediatamente após o fenômeno natural da morte biológica, defrontando-se com a realidade da vida espiritual no enfrentamento da própria consciência. Composta de mais de uma dezena de obras, constitui valioso patrimônio doutrinário cultural para ampliar o entendimento dos postulados espíritas.

A advertência constante da referida apresentação, contudo, comporta reflexões de expressão para nossos aprendizados. Solicito ao leitor voltar ao primeiro parágrafo e reler o citado trecho transcrito do original da obra, que foi lançada em 1944. O texto de apresentação está datado de 03 de outubro de 1943.
Após as considerações sobre a não restrição de uma postura meramente formal ou para fora de nós mesmos, convoca o autor à cogitação do “conhecimento de nossos infinitos potenciais, aplicando-os, por nossa vez, nos serviços do bem.”

Isso é um convite de auto verificação pessoal, de busca interior dos próprios potenciais, com a devida aplicação no bem ao nosso alcance. Essa busca, essa cogitação das próprias potencialidades, é fundamental para uma vida de harmonia e trabalho que pode e deve ser direcionado para o bem geral e, claro, pessoal também.

Afinal, somos seres potencialmente capazes para os grandes saltos de evolução, nos aprendizados contínuos, desde que a eles nos dediquemos com afinco e perseverança.
Isso leva à lembrança do confortante texto incluído por Kardec no Item 23 do capítulo XXVII – Pedi e obtereis, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, com o título Alegria da Prece. O espírito autor, Santo Agostinho, afirma: “Vinde, vós que quereis crer: os Espíritos Celestes acorrem e vêm vos anunciar grandes coisas. Deus, meus filhos, abre seus tesouros para vos dar todos os seus benefícios. (...) Se soubéssemos quanto a fé faz bem ao coração e leva a alma ao arrependimento e à prece! (...) A prece é um orvalho divino que destrói o maior calor das paixões; filha primogênita da fé, ela nos conduz ao caminho que leva a Deus (...). (...) orai com o Cristo (...) e sentireis as doces emoções que passavam em sua alma, embora carregando um madeiro (...)”.

É que a prece, sentida e espontânea nas cogitações morais, abre esses caminhos aos tesouros espirituais, conduz ao bem, abre nossas potencialidades e atrai a presença carinhosa dos benfeitores amigos, trazendo paz, harmonia e felicidade ao coração. Meditemos nas sábias palavras de Emmanuel e busquemos reler a página indicada na obra de Kardec. Vai nos fazer enorme bem.