Cairbar, um comunicador por excelência
Orson Peter Carrara
O esforço empreendido pelo notável
Cairbar Schutel, em Matão, na divulgação do Espiritismo, deixou clara sua
posição de grande comunicador. Tomando conhecimento dos ensinos trazidos pelo
Espiritismo, o moço que viera do Rio de Janeiro e se instalara no pequeno
município paulista que ele mesmo auxiliara emancipar-se politicamente, não teve
dúvidas: lançou-se de corpo e alma para que tais ensinos se tornassem
conhecidos e pudessem beneficiar mais e mais pessoas.
A partir da fundação de um centro
espírita e de um jornal que já é centenário, sua atuação extrapolou os limites
da então pequena Matão, projetando-se através das décadas para o cenário
internacional, principalmente após o surgimento de sua querida RIE, fundada em
1925.
Da distribuição avulsa pelas ruas da
cidade, nos trens de passageiros, na remessa a cidades vizinhas e na postagem
que se ampliou gradativamente para todo o Brasil, o pequeno jornal foi um farol
a despertar consciências adormecidas para a realidade da imortalidade da alma,
da pluralidade da existência e da comunicabilidade dos espíritos, entre outros
princípios da Doutrina Espírita.
Vale acentuar que, em 1905, quando
Schutel iniciou seu apostolado, sua idade era de apenas 36 anos. Durante os
próximos 33 anos, de 1905 a 1938, dedicou sua vida completamente à divulgação e
à vivência do Espiritismo.
É importante destacar também o aspecto de vivência. Afinal ele foi um autêntico cristão, nunca desprezando ou ignorando quem quer que o buscasse. Jamais teve atitudes de indiferença ou discriminação quanto aos pobres e necessitados que o procuravam em busca de consolo moral ou em busca do socorro material.
É importante destacar também o aspecto de vivência. Afinal ele foi um autêntico cristão, nunca desprezando ou ignorando quem quer que o buscasse. Jamais teve atitudes de indiferença ou discriminação quanto aos pobres e necessitados que o procuravam em busca de consolo moral ou em busca do socorro material.
Mas sua grande marca foi mesmo o de
comunicador. Além dos periódicos que publicou, dos livros que escreveu, das
palestras proferidas, do incentivo doutrinário distribuído, ele igualmente
influenciou expressivamente toda uma geração de espíritas. Seu exemplo, seu
estímulo, a notável sequência pioneira
dos programas radiofônicos (depois transformada em livro), fizeram dele um
comunicador por excelência.
Há que se destacar também que, mesmo
após a desencarnação, seu trabalho continua. Ditou várias mensagens, por
diferentes médiuns, já foi identificado igualmente por diferentes médiuns em
locais onde o assunto é divulgação espírita e, por relatos idôneos, pode-se
afirmar que ele é um dos espíritos coordenadores da expansão do pensamento
espírita, inclusive no âmbito internacional.
Cairbar percebeu de imediato a proposta
do Espiritismo, exposta com clareza por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos,
obra que alcança 160 anos de publicação em 2017, pois que lançada em 18 de
abril de 1857.
Fica claro perceber o alcance da
comunicação espírita. Ela, a Doutrina Espírita, não é estanque, mas dinâmica.
Sua própria índole cristã é comunicativa. Surgiu com a publicação de livros,
projetou-se através de livros e comunicação verbal, alcançou respeito pela
comunicação vivida na prática e atualmente vive a realidade de ver seus temas
essenciais serem tratados abertamente pela mídia.
Ora, o trabalho iniciado pelos
espíritos, percebido por Allan Kardec – que lhe organizou metodicamente os
ensinos –, vitalizado pela marcante presença de Chico Xavier, mas igualmente
estimulado pelo trabalho de homens da fibra de Cairbar Schutel, entre tantos
anônimos ou conhecidos, do presente ou do passado, é fator que nos convida à reflexão.
Que atuação estamos tendo para
continuar referido empreendimento, cujo objetivo é espiritualizar o ser humano?
Exemplos não nos faltam. Entre eles, um comunicador por excelência: Cairbar de
Souza Schutel (1868-1938).
Vale destacar que o livro VISÃO ESPIRITA DE UM BANDEIRANTE – PENSAMENTOS DE CAIRBAR SCHUTEL – volumes I e II, publicados pela editora O Clarim em 2005 – ano em que se comemorou o centenário de O Clarim, reúne os editorais da RIE, de 1925 a 1938, na autêntica ferramenta de comunicação de sua lucidez doutrinária e sua firmeza de caráter, que ele usou através das páginas da Revista Internacional de Espiritismo, na defesa e na divulgação das ideias espíritas. Um exemplo, sem dúvida, de comunicação espírita.