Um processo que pode ser deplorável ou de intensa dignidade
Orson Peter Carrara – orsonpeter92@gmail.com
Valendo-se de uma dolorosa realidade no mundo em que vivemos
– e que pode ser traduzido sob outro ponto de vista no difícil e complexo
momento brasileiro –, o amigo Rogério Coelho escreveu reflexão convite,
referindo-se a outra região do planeta – mas que podemos perfeitamente aplicar
no país em que vivemos para alterar essa egoísta situação que prevalece –,
utilizando-se de belo texto parcial do grande escritor Deolindo Amorim.
Trata-se do processo persuasivo, da influência que muitas vezes nos permitimos levar
e que pode ser deplorável. Mas seria preferível que fosse a doce influência que
educa e corrige as imperfeições morais que ainda carregamos. Acompanhe comigo,
leitor:
Oriente Médio... Um
táxi para na barreira policial... No banco de trás uma jovem mãe e
seu bebê no colo. Quando os soldados se aproximam, a jovem aciona a
bomba matando a todos... Em outra ocasião, constatou-se que um débil mental foi
instruído a fazer explodir uma bomba amarrada ao seu corpo...
Um psicólogo que
atende crianças por essas regiões verificou, entre estarrecido e perplexo, que
mais de 80% de seus pequenos clientes sonham transformar-se em mártires, ou
seja: homens-bomba. São constantes as explosões de carros bombas, gerando
tremenda carnificina...
Os que perpetram tais
barbaridades têm sofrido lavagem cerebral desde a mais tenra idade, tapeados
com falsas promessas de um paraíso de gozos e
delícias. Somando-se a isso a ignorância, o fanatismo que gera
o fundamentalismo e falta de melhores perspectivas de vida, eis que está feito
o coquetel explosivo.
Muito antes dessa
moda de homens-bomba, Deolindo Amorim já escrevia sobre a metodologia da
persuasão nefasta. Sigamos seu raciocínio: “(...) existem pessoas
que têm muita autoridade sobre outras por força de amizade ou admiração exagerada,
senão às vezes também por atrativos pessoais. Pela convivência constante, o
elemento que é sempre admirado ou exaltado como ídolo passa a exercer uma
influência fora do comum, e, progressivamente, essa influência transforma-se
em poder sugestivo absorvente. Daí por diante, aquele que se deixou influenciar
demais chega a um ponto em que não tem vontade, já não é mais dono de si, como se diz, pois
fica dependendo do
outro em quase tudo. E quantos, ainda mais, ficam sugestionados por um discurso
empolgante ou comovente! Por outro lado, há muitos casos de sugestão coletiva.
(...) Aos poucos, aparentemente sem pressa, mas
injetando ideias cuidadosamente preparadas, o interessado na doutrinação do paciente obtém o
que quer se não encontra boa formação espiritual capaz de repelir as
insinuações jeitosas. A vítima da persuasão fica como que
sendo usada como se
fosse um objeto. Rumorosos casos de fraudes, assim como crimes de natureza
política, etc., foram cometidos por influência de uma urdidura persuasiva, às
vezes camuflada e demorada, mas sempre pertinaz. Não nos faltariam exemplos
ilustrativos na vida social ou nos conciliábulos do vício ou do crime...
(...) A persuasão pode ser utilmente empregada como
bom meio de auxílio físico ou espiritual, quando há dignidade e amor, mas pode
– infelizmente – ser praticada para fins nocivos quando não há nenhum respeito
pela pessoa humana”.
Jesus utilizou-se do amor e persuadiu milhares de
criaturas a segui-lO. Aí está a persuasão útil e sadiamente empregada. Quando
Ele for verdadeiramente conhecido naquelas terras explosivas, nas quais viveu
há dois mil anos, as coisas mudarão.
Aí com o final da abordagem, podemos nos situar como
convidados ao suave processo persuasivo do Mestre da Humanidade, para extinguir
o ódio, a separação, as divergências que tantos prejuízos tem igualmente
trazido à querida Pátria Brasileira, para também alterarmos a realidade difícil
dos dias atuais, com o amor com que Ele nos convida viver.