Perfume de Mulher
Imagine
uma amarga infelicidade decorrente de sucessivas desilusões e frustrações
agravadas por um acidente que provocou deficiência visual. O desdobramento foi
uma postura arrogante, orgulhosa e extremamente agressiva no comportamento.
Esta
é a história de um tenente coronel que, já aposentado e muito hábil nos
raciocínios, com grande experiência de vida e revoltado com deficiência visual
decorrente de um acidente que lhe tirou a visão numa brincadeira irresponsável.
Vivendo
isolado na casa da filha, esta contrata um rapaz para fazer-lhe companhia, em
virtude de sua ausência para viagem em família. O rapaz, jovem estudante,
depara-se com uma situação constrangedora diante da agressividade daquele para
quem foi contratado apenas para um fim de semana. O antigo coronel, após saída
da filha, impõe uma viagem inesperada junto com o acompanhante. Sua intenção
era viver o último fim de semana de sua vida, suicidando-se em seguida, mas
interessa-se pelos problemas do rapaz, esquecendo sua amarga infelicidade.
Falo
do excelente filme Perfume de Mulher,
que recebeu vários prêmios, entre eles o Oscar 1993, recebendo ainda várias
indicações.
O
melhor do filme está mesmo na defesa que o coronel fez em favor do jovem na
tentativa de suborno que sofria na escola. A integridade moral do rapaz
impressionou o velho coronel. Estrelado por Al Pacino e Chris O´Donnell e de
produção americana, é um filme que não posso deixar de sugerir ao leitor. O
título parece distante do conteúdo do filme, mas foi usado porque, sendo cego,
o personagem utiliza com expressão o olfato, especialmente na identificação de
mulheres à sua volta, pelo perfume que usavam e que descrevia com precisão.
As
reflexões que surgem, dentre outras, podem ser enumeradas nas duas principais
abaixo enumeradas:
a)
Pensando na prepotência e arrogância que ainda nos caracteriza a condição
humana, vale lembrar que elas são fruto do orgulho e do egoísmo, geradores de
todos os males humanos, entre eles todas as agressividades que imperam na
sociedade atual.
b)
Pensando na transformação do ser humano para melhor, somos convidados a pensar
seriamente no quanto a integridade moral de cada ser humano influi na melhora
no mundo, convidando-nos expressivamente à própria melhora moral, substituindo
imperfeições por novas virtudes.
Eis
a velha questão humana: a extrema necessidade da melhora moral, a partir de nós
mesmos. Eis o programa que precisamos todos adotar: libertação física pela
moderação dos apetites, libertação intelectual pela conquista da verdade e
libertação moral pela procura da virtude. Isto é obra dos séculos. Isto é,
porém, perfeitamente viável por meio de uma educação e uma preparação
prolongada das faculdades humanas. Considerando nossa realidade imortal, não
desprezemos a oportunidade da presente existência e empenhemos todos os
esforços, desde já, para sermos melhores. Mais acessíveis, mais dóceis, mais
flexíveis, mais ousados e corajosos nas boas iniciativas, mais comprometimento
com as boas causas humanas, mais decisão na busca do melhor, menos reclamação,
menos revolta, menos egoísmo, menos orgulho, menos vaidade, menos apego…
Veja
o filme, leitor. Vai te fazer bem e te proporcionará uma boa viagem interior
para bem pensarmos no que estamos fazendo de nossas vidas.
E o
melhor: te trará a felicidade de pensar como o bem nunca se perde. O bem faz
bem!
Na
integridade do jovem estudante uma bela lição de vida!
por Orson Peter Carrara