Dos equívocos e das distorções doutrinárias
A falta de estudo da Doutrina Espírita, a ausência do uso da
razão e do bom senso e também o isolamento dos grupos (fechando-se em si
mesmos) são os responsáveis pelos absurdos que se cometem em nome da Doutrina e
seu movimento. E isto fica por conta de quem pratica, pois o Espiritismo não
pode ser responsabilizado por aqueles que não raciocinam no que fazem.
São muitos os exemplos, alguns citados em livros, jornais e
revistas, por articulistas e autores diversos, todos respeitáveis e conhecidos
na atividade espírita, os quais permito-me citar uns ou outros (os exemplos)
para desenvolvimento do presente artigo.
Enquadram-se nesses equívocos:
- a) Obrigatoriedade de passe em todo e qualquer comparecimento ao Centro Espírita;
- b) Toda pessoa que chega perturbada ao Centro Espírita é médium;
- c) Os médiuns são seres elevados e extraordinários;
- d) Os oradores e expositores são seres infalíveis – “falou tá falado”;
- e) Médium experiente não precisa estudar;
- f) Não se deve bater palmas ao final de palestras para não dispersar fluidos;
- g) Casamento, batizado, uso de gestos e imagens, roupas especiais, cromoterapia, cristais, tvp, pirâmides, etc, no Centro Espírita;
- h) As mãos dadas formam correntes de proteção;
- i) Comemoração de Páscoa e Semana Santa no Centro Espírita;
- j) Para recarregar energias, o aplicador de passes deve encostar a cabeça na parede após a tarefa;
- k) Mulheres não devem entrar de saia no centro;
- l) Homens e mulheres devem sentar-se em fileiras separadas no ambiente do centro;
- m) Reencarnação serve para pagar dívidas;
- n) Os espíritos comunicantes sabem tudo;
- o) Determinado Centro Espírita é forte, o outro é fraco;
- p) Uso de expressões, como mesa branca, baixo espiritismo, encosto e muitos outros absurdos como aqueles das correntes no chão e das garrafas em prateleiras, para prender os espíritos obsessores ou da mesa de concreto que suporte os murros dos médiuns indisciplinados.
Ora, o Espiritismo é profundamente racional. O espírita
precisa sempre saber porque faz determinada prática. Pensar no que faz e
analisar se está dentro do bom senso, da razão e, principalmente, se há
coerência no que se pratica e o que a Doutrina ensina.
Com objetivos tão elevados e fundamentos tão racionais, como
poderia o Espiritismo ver em casas que se dizem espíritas, práticas tão
distantes de sua orientação? Só a falta do estudo doutrinário pode responder
por esses absurdos que comportariam, em muitos casos, diversas argumentações e
comentários sobre sua nulidade e incoerência. E também se caracterizam como
prática distante do dinamismo da Doutrina, o espírita desanimado, o Centro
distante e isolado do estudo e da divulgação – preocupado apenas com a prática
mediúnica; a Casa Espírita isolada do
movimento – que traz o entusiasmo e renova; também o expositor que transmite
aos ouvintes a ideia de um Espiritismo de tristeza, dor ou sofrimento, e
finalmente o espírita que não estuda. Como aceitar também aquelas reuniões sem
nenhuma motivação, onde um lê e todos ouvem – ou dormem, criando a figura do
“espírita de banco” (aquele que entra, senta, ouve e vai embora)? OU a presença
no Centro como se fosse uma obrigação penosa, sem alegria?
Espiritismo é alegria, é vida! E trabalho vibrante, com
harmonia, coerência, união... Daí a necessidade do estudo individual, estudo em
grupo, união de forças entre os trabalhadores da mesma casa e entre as casas da
cidade e região. Isto traz entusiasmo, revitaliza o movimento e afasta os
equívocos. A troca de experiências é algo muito positivo, que não devemos
temer. O espírita esclarecido é dedicado à causa, sempre estuda, melhora-se
gradualmente e trabalha sempre, confiando em Deus – mas usando sua própria
razão.
Essas questões precisam ser discutidas para aparelharmos
melhor nossas casas, tornando-as colmeias de trabalho, união e amor, para que
não se distanciem dos objetivos que nortearam sua fundação.