Solitude, solidão, solicitude – Orson Peter Carrara
As três palavras são muito
parecidas, sonoridade semelhante, mas suas definições são bem distintas. E
podem abrir universos de exemplos e abordagens. Aqui a abordagem é motivada
pela curiosidade cultural das três palavras.
Vejam que interessante:
Solitude é o estado de privacidade
de uma pessoa, não significando, propriamente, estado de solidão. Pode
representar o isolamento e a reclusão, voluntários ou impostos, porém não
diretamente associados a sofrimento.
Solidão:
estado
de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só; isolamento. Ou ainda sentir-se triste e infeliz devido ao isolamento social. E
também não necessariamente em sofrimento.
Solicitude:
boa
vontade, desejo de atender da melhor maneira possível a alguma solicitação;
empenho, interesse, atenção. Ou ainda afã e diligência em tratar, alcançar ou
conseguir algum fim.
Outras palavras e exemplos podem
ser trazidos com a mesma ocorrência de semelhança em letras e sonoridade, mas
fiquemos apenas com essas com o objetivo de buscar a importância de cada uma
delas.
Afinal podemos estar em estado de
solitude, com ou sem solidão, e exercitar a solicitude.
Ou ser solícito, com ou
sem solitude ou solidão... Muito interessante os exemplos que podem se encaixar
nessa linha de raciocínio. E igualmente podemos estar nos três estados,
individualmente em cada um ou nos três ao mesmo tempo. Quantas situações! Ou em
apenas dois, como por exemplo, em solitude e solidão, sem solicitude.
Confundiu? É que as variadas circunstâncias ou situações humanas podem nos
situar em quadros como os acima citados.
As três são úteis e o importante
é que vivamos essas experiências com solicitude, ainda que nos utilizemos ou
não da solidão ou da solitude. Em privacidade ou solitário, a disposição de boa
vontade é sempre a marca da moralidade.
Nos embates da atualidade o que
se vê mais é solitude desrespeitada, a solidão provocada e muitas vezes sofrida
ou vivida com egoísmo, e pouca solitude, exceto se nos próprios interesses. Por
isso os sofridos quadros morais que estamos vivendo. Melhor que transformemos a
nossa possível solidão ou nossa solitude em posturas práticas de solicitude. Aí
a vida fluirá com mais abundância.
Por isso afirma Auta de Souza na
bela página Sublime Encontro:
Se procuras o Cristo Soberano
Por excelso refúgio às
próprias dores,
Busca hoje e amanhã, por onde
fores,
O torturado coração humano.
Desce ao vale dos grandes
amargores,
Onde revelam sofrimento
insano
A aflição, a miséria e o
desengano,
Entre flagelos purificadores.
Desce à feição do Sol na
noite fria,
Guardando a caridade por teu
guia,
Ajudando e servindo cada
hora...
E, ante a luz da Divina
Primavera,
Encontrarás o Cristo que te
espera,
Crucificado em cada ser que
chora.
Muito bom! Parabéns!
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