Vigoroso convite!
– Orson Peter Carrara
À primeira vista parece
impossível, inviável. Uma parada para pensar, todavia, situa-o em possibilidade
real, ainda que relativa. O apelo é forte, marcante, renovador. Ecoa no tempo,
ecoa em nossas consciências.
Ele falou com convicção, causou
espanto e a expressão valiosa ainda nos desafia, face ao estágio que ainda nos
situamos. Todavia, temos que refletir na sua viabilidade.
O “Sede Perfeitos”, quando
analisado à primeira vista soa impossível. Como ser perfeito com tantas
dificuldades que trazemos? E Ele ainda acrescentou: “como perfeito é vosso Pai
Celestial”. Isso então inviabiliza totalmente o convite, pois que não há como
alcançar a perfeição absoluta de Deus.
Mas Ele convidou diretamente ao
nosso coração. E, claro, como aprendemos e fruto de madura reflexão, é na
relatividade do estágio que nos situamos que essa perfeição pode ser alcançada.
Essa relativa perfeição convoca à
uma nova postura, justamente aquela que ainda teimamos em aderir com o coração.
É a correspondência do “sal da Terra”, da “luz do mundo”, do “Sois Deuses”, do
esforço continuado pela bondade, pela honestidade, pela ética, pela renúncia ao
egoísmo e orgulho, enfim, pela conduta moral de humildade com o espírito de
servir.
E olha o detalhe impressionante:
acrescentada do “Amai os vossos inimigos”, pois como bem acrescentou: “se
amarmos apenas o que nos amam, qual o mérito?”. E esse “amor aos inimigos”
igualmente solicitando ampla reflexão. Não seremos capazes de sentir a mesma
sensação de alegria, prazer e felicidade na presença de pessoas que nos
maltratam, nos desprezam, nos humilham, nos agridem. Mas o convite é para não
guardar mágoa ou ressentimento, para não querer vingança. Esse o sentido
relativo da perfeição, que requer inclusive o sentimento de benevolência,
indulgência e perdão para com nossos adversários. Afinal, podemos nós mesmos
sermos a causa da adversidade que nos chega. E, considerando o futuro, ser
guardarmos o sentimento de vingança, criaremos laços vigorosos de mais adversidade
que se transforma em ódio e obsessão. Então, há que pensar!
Como a perfeição, ainda que
relativa – como é nosso caso no estágio que estamos –, expressa no convite,
leva necessariamente ao amor em todas as circunstâncias inclusive com o
surgimento da abnegação (desprendimento, dedicação, altruísmo) e do devotamento
(dedicação), não é difícil concluir que inclusive com os adversários essa
perfeição relativa é capaz de superar-se para a plena compreensão e a vivência
do amor.
O convite é mesmo vigoroso!
Reflitamos sobre sua abrangência.
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