Um século de fundação neste 22 de março de 2023
Gratidão
no Centenário – Orson Peter Carrara
Como sabem, sou espírita de infância. Meu avô, João Carrara,
integrou a equipe de fundação do Centro Espírita Francisco Xavier dos Santos,
nos idos de 1923, portanto, há um século.
Meus pais, também espíritas, me integraram à vida da
instituição, naturalmente, onde pude muito aprender e onde desenvolvi o senso e
discernimento doutrinário do Espiritismo, critérios indispensáveis para a boa
prática espírita. Eles evitam o fanatismo, encaminham para a exata noção de que somos
todos meros aprendizes, e nos fazem entender a vida e seus desdobramentos,
especialmente através da lógica e do raciocínio.
Essas bases estão na Codificação de Allan Kardec (os cinco
livros a partir de O Livro dos Espíritos). Desde a infância, portanto, ali
integrado e sob a expressiva influência doutrinária de Pedro Carrara (meu tio,
mais conhecido como Pedrinho), aprendi o que é o Espiritismo e sua prática, sem
quaisquer inclusões distorcidas que muitas vezes ameaçam aqueles que se deixam
levar pelo entusiasmo fácil ou pela falta de observação crítica e racional do
fato. Que fato, talvez se pergunte o leitor?
O fato de nossa natureza, origem e destinação, e especialmente da
comunicação dos espíritos, por meio da mediunidade – fenômeno natural da
capacidade humana, não exclusivo dos espíritas, não inventado ou imaginado por Kardec,
mas atributo humano, presente em todas as crenças, segmentos sociais, raças ou
nacionalidades, independente da cultura, do nome, da posição social e mesmo da
idade ou sexo.
Sem falar no aspecto consolador, confortante e racional,
oferecido pelo conhecimento espírita sobre nossa realidade de criaturas
imortais, imensamente amadas. É todo um conhecimento que se desdobra,
fazendo-nos compreender as razões das aparentes injustiças e dos extremos que
nos caracterizam a imensa diversidade humana.
Mas a razão maior da presente abordagem é a gratidão que
brota, espontânea, quando a instituição fundada lá em 1923 completa um século
de existência e funcionamento ininterrupto. Apesar das dificuldades todas,
naturais de nossa condição humana, e desde o início de sua jornada com o
enfrentamento dos preconceitos e mesmo atualmente com outros desafios decorrentes
de vários fatores sociais, econômicos e humanos, inclusive dos próprios adeptos
– criaturas humanas como quaisquer outras, que antes de serem espiritas, são
seres humanos, com suas conquistas, carências, dificuldades, conquistas e tudo
mais...
Mas é isso. Um século desde a fundação em 22 de março de
1923, por Marcelino Martinez, cuja história merece abordagem específica, tanto
pessoal e familiar, como da própria história da instituição nesses cem anos.
Sim, a gratidão brota espontânea! Para seus fundadores pioneiros,
continuadores no tempo e atuais administradores e integrados à sua realidade
que procura viver o Espiritismo.
Particularmente, minha história de vida tem vínculos emocionais
enormes com a instituição. Não só ali muito aprendi e me desenvolvi como
pessoa, como tive a oportunidade de administrá-la igualmente, acompanhando sua trajetória
e seus personagens que comigo ali estiveram. Cem anos é história, é bagagem, é
conteúdo. As lembranças são muitas, impossíveis de aqui serem narradas, mas
fica aqui nosso registro. A data não poderia passar em branco.
Meu coração se volta a todos os amigos, do passado, do
presente e daqueles que ainda virão para que a história continue, semeando
fraternidade e esperança. Muito obrigado!
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