Reclamação
Sem reclamar – Orson Peter Carrara
Vez por outra saltam aos olhos as pérolas da obra de
Kardec. É impressionante sua atualidade e oportunidade do que vamos,
gradativamente, descobrindo, embora lá estejam desde a Codificação. Lemos,
ouvimos várias vezes e não nos damos conta.
Uma dessas preciosidades, atualíssima, está na questão 924 de O Livro
dos Espíritos. Essa questão está no
livro IV - Das
esperanças e consolações, Capítulo I — Das penas e gozos terrestres. Transcrevo
a pergunta e a resposta na íntegra e depois, na sequência, destaco o detalhe:
924. Há males que independem da maneira de proceder do
homem e que atingem mesmo os mais justos. Nenhum meio o terá de os evitar?
“Deve resignar-se e sofrê-los sem
murmurar, se quer progredir. Sempre, porém, lhe é dado haurir consolação na
própria consciência, que lhe proporciona a esperança de melhor futuro, se fizer
o que é preciso para obtê-lo.”
Veja que há detalhes tanto na pergunta quanto na resposta:
Na pergunta:
a) Males
que independem da maneira de proceder o homem
b) Males
que atingem mesmo os mais justos
c) Haveria
meios de evitar esses males?
Os três itens oferecem já profundas reflexões para o leitor
e estudioso. Em outras palavras, há males que atingem até os mais justos, e são
independentes da maneira de agir o homem. E então, como evitar isso?
Na resposta:
a) Deve
resignar-se
b) Não
reclamar, se quiser progredir
c) Pode
haurir consolação na consciência, se fizer o que é preciso para um futuro
melhor.
Pergunta e resposta clara, que pode ser
resumida para efeito didático:
O homem deveria se resignar em sofrer seus
males sem reclamar, se quiser progredir
Ou seja, sofrer os reveses variados, sem reclamar, se
quiser progredir.
E mais interessante, já estava escrito lá, desde 1857, e
não nos damos conta disso. Continuamos com nossas reclamações variadas,
esquecendo-nos da preciosa orientação. Melhor que estejamos mais atentos.
Afinal, reclamamos de tudo, já é hábito condicionado. Do
frio, do calor, da chuva, da adversidade, do governo, das horas, dos
compromissos, da fila...
E com isso vamos nos atrasando no progresso moral, que é
dever que nos cabe. Eis, pois, um dos exercícios que podemos nos propor:
diminuir gradativamente o índice diário de reclamações, se... quisermos
progredir.
Basta recordar que aqueles que hoje se encontram em posição
superior, não reclamam, abraçam o dever que lhes cabe e seguem adiante.
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