Querem que suas opiniões prevaleçam
Os mais perigosos espíritos – Orson Peter
Carrara
Muitas pessoas demonstram medo quanto o assunto é espírito.
Há que se dizer que os espíritos são pessoas, com suas virtudes e mazelas –
prosseguindo, portanto, com a necessidade de outros aprendizados e correção dos
comportamentos indesejáveis e prejudiciais – e não como erroneamente
considerados durante muito tempo como fantasmas ou seres sobrenaturais ou
apresentados como lençóis com dois furinhos no lugar dos olhos.
Apenas retornaram à pátria de origem ou mundo verdadeiro
depois da experiência carnal. Mas também podem estar se preparando para
retornar ao planeta pela reencarnação. Todavia, o fato de estarem em outra
dimensão não os localiza como seres sobrenaturais, sábios ou fantasmas que
assustam pessoas. A única diferença para nós é que estamos ocupando
temporariamente uma estrutura biológica perecível; eles já fizeram isso ou
voltarão a fazer.
Considerando a diversidade de estágios, tanto moral como
intelectual e também psicoemocional ou psicológico, os espíritos não sabem tudo
e muito sabem menos dos que aqui estão, encarnados, como nós. No fundo, todos –
os que estão na dimensão espiritual ou os que estamos aprisionados na estrutura
carnal – somos aprendizes. Nesse aprendizado nos apresentamos como sonos, no
estágio que já conseguimos atingir.
Aí vem o outro medo, consequência da equivocada
interpretação sobre o que são os espíritos, o medo dos chamados obsessores.
Quem são eles? Por que assediam os que aqui estão?
Obsessores simplesmente são pessoas iguais a nós,
aprisionados em mazelas morais, como o ódio, a vingança, ou mesmo o ciúme, a
inveja, movimentando suas energias de forma negativa contra os chamados
encarnados, que somos nós. Apesar do assunto comportar outras considerações,
situamo-nos nessa mais comum.
E é em O Livro dos Médiuns, item 246 – do capítulo
XXIII – Da Obsessão, que vamos encontrar:
“246. Há Espíritos obsessores sem maldade, que alguma coisa denotam mesmo de
bom, mas dominados pelo orgulho do falso saber. Têm suas ideias, seus
sistemas sobre as ciências, a economia social, a moral, a religião, a
filosofia, e querem fazer que suas opiniões prevaleçam. Para esse
efeito, procuram médiuns bastante crédulos para os aceitar de olhos fechados e
que eles fascinam, a fim de os impedir de discernirem o verdadeiro do falso. São
os mais perigosos, porque os sofismas nada lhes custam e podem tornar
cridas as mais ridículas utopias. Como conhecem o prestígio dos grandes nomes,
não escapuliram em se adornarem com um daqueles diante dos quais todos se
inclinam, e não recuam sequer ante o sacrilégio de se dizerem Jesus, a Virgem
Maria, ou um santo venerado. Procuram deslumbrar por meio de uma
linguagem empolada, mais pretensiosa do que profunda, eriçada de termos
técnicos e recheada das retumbantes palavras –– caridade e moral.
Cuidadosamente evitarão dar um mau conselho, porque bem sabem que seriam repelidos.
Daí vem que os que são por eles enganados os defendem, dizendo: Bem vedes que
nada dizem de mau. A moral, porém, para esses Espíritos é simples passaporte, é
o que menos os preocupa. O que querem, acima de tudo, é impor suas ideias por
mais disparatadas que sejam”.
Notem os detalhes do trecho:
1 – orgulho do falso saber; 2 – querem fazer que suas opiniões
prevaleçam; 3 – São os mais perigosos; 4 – Procuram deslumbrar.
Normalmente pensa-se que os mais perigosos são os
vingativos, os perseguidores; mas estes estão gravemente enfermos e sendo
esclarecidos retomam o próprio caminho. Os mais perigosos realmente são os
vaidosos e hipócritas que se fecham no orgulho, com muito mais resistência aos
argumentos da sabedoria e da bondade.
São as preciosidades dessa monumental obra: O Livro dos
Médiuns.
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