Essência para a fidelidade doutrinária
Fermento
e fomento – Orson Peter Carrara
As duas palavras que uso como título estão muito ligadas
entre si. Embora a primeira esteja ligada a processos químicos de
transformação, produzindo energia, ela tem também seu sentido comparativo para
o aprimoramento humano, tanto que inclusive usado por Jesus. A segunda, por sua
vez, também indica ação ou efeito de promover o desenvolvimento; estímulo,
apoio, impulso, aplicável a vários segmentos da atividade humana.
Entrevistei para a revista eletrônica o consolador – que
você pode visitar e conhecer pelo portal www.oconsolador.com.br
– o Dr. Paulo Cézar Scanavez, magistrado na cidade de São Carlos (SP), e numa
das respostas ele citou a expressão que uso como título. A resposta chama muito
a atenção, traduz verdadeiro programa de ação para os desafios em andamento e
não poderia deixar de compartilhar com os amigos a íntegra da objetiva
resposta. A pergunta foi a de número 9, penúltima da entrevista, que transcrevo
aos leitores:
9 – Algo mais que gostaria de acrescentar?
As múltiplas atividades espíritas requerem, previamente,
dos partícipes, reflexões às Epístolas de Paulo de Tarso. Uma em particular
contém valor solar porquanto encerra em sua essência o fermento e o fomento
necessários para que sigamos fieis aos postulados da Doutrina Espírita, sem
invencionices: a) I Coríntios 10, 23-24: "Todas as coisas são lícitas, mas
nem todas convêm, todas são lícitas, mas nem todas edificam. Ninguém
busque seu próprio interesse, e sim o de outrem”.
Notemos didaticamente a resposta:
a)
Múltiplas atividades espíritas = Sim, é
um universo de possibilidades da prática espírita;
b)
Requerem, previamente, reflexões = Sem
dúvida, norteamentos seguros para guiar as ações;
c)
Uma em particular (...) encerra em sua
essência o fermento e o fomento = Que comparação feliz, didática, oportuna!
A epístola selecionada traz em sua essência o elemento transformador,
motivador, o estímulo, promotor do desenvolvimento que almejamos;
d)
Para que sigamos fiéis, sem invencionices =
Extremamente necessário sempre repetir essa orientação, face às seduções que
levam às deturpações doutrinárias;
Após as considerações objetivas do entrevistado, ele
transcreve o trecho específico do Apóstolo Paulo, na citada epístola, que
sugiro ao leitor reler. Essa releitura atenta deixa de forma claríssima as
razões de ainda nos perdermos em tantas leviandades ou precipitações nas
interpretações e atitudes. Afinal:
a)
(...) nem todas convém, (...) nem todas
edificam
b)
Ninguém busque seu próprio interesse e
sim o de outrem
Convenhamos, nem sempre sabemos segurar, nos conter
interiormente. Quantos conflitos, de todo tipo, não são oriundos de afirmações,
e mesmo reclamações e provocações ou discussões absolutamente dispensáveis?
Poderíamos silenciar e preferimos o revide, a resposta dura... E, por outro
lado, quando é mesmo que dispensamos nosso próprio interesse para buscar ou
refletir sobre o de outrem?
Difícil para todos nós aceitar essa realidade escancarada de
nossos próprios e indevidos comportamentos.
E nosso entrevistado tem razão sobre o texto de Paulo: encerra
em sua essência o fermento e o fomento necessários para que sigamos fieis aos
postulados da Doutrina Espírita, sem invencionices.
O próprio Kardec alerta na Revista Espírita (novembro
e 1864), no magnífico artigo (transcrição de alocução dirigia aos espíritas de
Bruxelas em Antuérpia, em 1864) O Espiritismo é uma Ciência Positiva, quando
afirma (olha a gravidade):
“(...) É um fato comprovado que o Espiritismo é mais
entravado pelos que o compreendem mal do que pelos que absolutamente não o
compreendem, e mesmo por seus inimigos declarados. E é de notar que aqueles que
o compreendem mal geralmente têm a pretensão de compreendê-lo melhor que os
outros, e não é raro ver noviços pretenderem, ao cabo de alguns meses, dar
lições àqueles que adquiriram experiência em estudos sérios. Tal pretensão, que
revela o orgulho, é uma prova evidente da ignorância dos verdadeiros princípios
da doutrina. (...)
Nas deturpações todas, o que se nota é a falta de
conhecimento, aliado à presença do orgulho. O fermento e o fomento, portanto, é
de nossa responsabilidade: dirigentes, divulgadores e coordenadores de estudo,
para que o Espiritismo seja conhecido em sua integridade. E, claro, vivido na
prática.
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