Respeitar sempre
por Orson Peter Carrara
Observemos
atentamente. A maioria dos desequilíbrios emocionais, psicológicos e
mesmo morais são oriundos de desrespeitos que a pessoa recebeu de alguma
forma. Violentada em sua liberdade, em sua dignidade, e não
exclusivamente do ponto de vista físico, mas especialmente moral, é
comum que a criatura humana não consiga vencer os efeitos danosos do
desrespeito recebido.
Quando cita-se desrespeito é importante que o
conceito seja ampliado além da mera ofensa verbal ou agressão física de
qualquer espécie. Amplie-se para a indiferença, a exclusão, a calúnia, o
desprezo, a ironia em público, a desmoralização, enfim, tudo que
desvalorize o esforço de alguém, que o menospreze...
Por essa ampliação de visão, já notamos a extensão do assunto.
Por isso, é preferível que optemos sempre pelo afeto, pelo respeito,
pela valorização de qualquer pessoa de quem nos aproximemos. Há se visto
no planeta, inúmeros casos de pessoas aprisionadas moralmente,
“massacradas” psicologicamente, condicionadas à vontade de alguém,
desprezadas, humilhadas em público, com conseqüências danosas de grande
peso no equilíbrio e estabilidade emocional, muitas vezes pela vida
toda. Isso pode se dar no matrimônio, na vida familiar, no
relacionamento profissional, em qualquer ambiente, mesmo naqueles
destinados à educação e, por incrível que possa parecer, inclusive nos
ambientes religiosos.
É que o perfil humano existente, de
dominação, de pressão psicológica, de imposição de idéias, de
prepotência, vaidade, egoísmo e outros tantos característicos próprios
de nossa condição humana, insiste em prevalecer.
Pessimismo? Não,
absolutamente. Apenas a condição humana. Agressores fixados na
perseguição, atormentados pelo remorso e sem conseguir libertar-se;
agredidos paralisados, cegos de ódio...
Felizmente é condição
temporária, pois somos seres humanos com grande potencial de felicidade,
a desenvolver-se pelo conhecimento de si mesmo.
E a maioria de nós opta pelo aprendizado através da dor de rudes experiências.
Um exemplo marcante dos dias atuais, já de consciência pública há bons anos, traz interessante comparação.
As campanhas do governo para prevenção do câncer de mama causaram
grande sensibilização em homens e mulheres, médicos e autoridades,
engajando a sociedade na prevenção da enfermidade. Embora haja ainda
muitos casos que causam mortes, as permanentes campanhas já atingiram o
objetivo de sensibilizar o público.
É esta sensibilização que está
faltando nos relacionamentos humanos. Sensibilizar para o afeto, para a
valorização uns dos outros, do respeito às diferenças. Esta
sensibilização aproximará os seres humanos e caracteriza o perfil do
Homem de Bem, denominação para o conjunto de virtudes que dignificam a
condição humana. É que o que mais estamos precisando, no trato uns com
os outros, é de nos respeitarmos mutuamente. As tentativas de mudar
pessoas, impor idéias, agredir, perseguir, viver intrigas de bastidores,
manipular, etc, são atitudes de grande prejuízo nos relacionamentos, no
presente, e com conseqüências no futuro, a depender da maturidade dos
envolvidos.
Causar sofrimentos a quem quer que seja será sempre
bagagem a recuperar no futuro. Adotemos, pois, atitudes de compreensão,
pois que delas igualmente precisamos.
É preciso amar. Aprendamos como...
E, por mais paradoxal que possa parecer, aprenderemos sensibilizando
nosso próximo com atitudes renovadas. Nossa mudança de atitude
sensibilizará o coração alheio, que, por sua vez, igualmente se sentirá
tocado pela necessidade de mudança, face ao novo comportamento que ora
lhe oferecemos.
Aí será uma troca. E todos saem ganhando, pois que se estabelece o equilíbrio.
Os notáveis livros Mereça ser Feliz e Laços de Afeto, de Ermance
Dufaux, valorizando atitudes de amor, consigo mesmo e com o próximo,
inspiraram lançamento desta idéia central: atitudes de amor.
Talvez
seja nossa maior necessidade no estágio evolutivo que nos encontramos.
Se pensarmos em profundidade, tais atitudes (que compreendem
compreensão, tolerância, perdão, amor, benevolência, compaixão) são
capazes de modificar o sofrido panorama do planeta.
Sensibilizar,
eis a palavra. Primeiramente a nós mesmos, para que também as tenhamos.
Os demais, por sua vez, serão sensibilizados pelas novas atitudes que
adotamos.
Eis o segredo, a chave. É o esforço pelo aprimoramento moral que buscamos...
Nas obras literárias,teóricas, a palavra RESPEITO, SENSIBILIDADE são muito citadas, mas na prática raramente são vividas. Principalmente nas palestras espíritas, o que + ouvimos é a palavra COMPREENSÃO, AMOR, TOLERÂNCIA, RESPEITO. Conheço pouquíssimos os que realmente sabem praticar estas virtudes. E conheço muitíssimos que já decoraram na teoria, mas ainda não sabem o que isto significa. Particularmente os espiritas "estudiosos" devoram enciclopédias sobre temas espíritas apenas para competir a intelectualidade e conhecimentos doutrinários, esquecendo-se de praticar no seu próprio cotidiano as lições daquilo que lê.O que + tem é gente lunática, buscando em livros a resposta para seus dilemas, qdo o segredo está dentro de sua própria realidade, na própria consciência e crença. Pense nisto.
ResponderExcluirMais uma vez seus textos trazem para nós a luz muitas vezes de uma otica que ainda nos falta. Obrigado por compartilhar conosco textos tão maravilhosos.
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