Índole Brasileira


por Orson Peter Carrara
                Agora que se aproximam as eleições, o compromisso de dignidade há que ser ressaltado para que a índole descontraída, alegre, solidária e diversificada de nossa nacionalidade prevaleça sobre outros interesses que não os da coletividade.
                Vender votos é crime de lesa humanidade, além dos crimes já previstos pela legislação eleitoral. Quando atendemos a interesses particulares, desprezando o interesse coletivo – que deve prevalecer sobre quaisquer outros, considerando-se a democracia – estamos lesando a Pátria, lesando o povo, a nós mesmos.
                A formação brasileira, de variedades infinitas nas artes, na cultura, na crença, na criatividade e nos povos que abriga, já diz por si só de nosso compromisso uns com os outros. Na hora de votar, é preciso considerar o interesse da cidade onde moramos – no caso das eleições municipais – e nunca pensar em tirar vantagem ou proveito próprio. Isto é atentar contra a própria dignidade. Afinal o interesse individual pode estar equivocado.
                O interesse imediato passa, muda de figura, toma novo ângulo, está sujeito a todo tipo de instabilidade que bem nos é própria como seres humanos. O interesse coletivo, este sim, tem o caráter de durabilidade, de permanência, de estabilidade. Por isso o compromisso com a democracia, com o princípio da igualdade e justiça deve prevalecer.
                Se, em breve análise, buscarmos a realidade brasileira, de norte a sul, desde as baianas com seus largos e longos vestidos, ou a realidade do carnaval de Olinda ou do Rio, o caráter das festas juninas de Caruaru, ou as famosas danças gaúchas, o samba ou o pagode descontraído, a solidariedade espontânea em todo o país, o regionalismo sertanejo, a cultura mais aprimorada nos grandes centros, a expansão cultural em curso ou outro qualquer aspecto que queiramos observar, veremos a enorme diversidade de um país acolhedor e fraterno. Nosso abençoado país, apesar dos desafios imensos aqui enfrentados, é rico de possibilidades, de criatividade, de gente generosa e espontânea.
                Como esquecer tudo isso? Ou, então, mudando o tom da pergunta: como valorizar tudo isso? No voto temos a possibilidade de eleger pessoas comprometidas com o bem comum e não dar chance de aventureiros de plantão que buscam vantagens pessoais, projeção com outros interesses.
                Por isso a índole brasileira, o caráter cristão de um povo ordeiro e trabalhador pede consciência nesses momentos históricos de renovação. E a consciência vem correta quando vencemos o interesse individual, o ímpeto egoísta, para pensar sim no quanto precisamos fazer uns pelos outros.  Solidariedade e consciência, eis o caminho.
                Ou ainda somos daqueles que não reconhecem as bênçãos da querida e amada Pátria brasileira, mantendo-nos omissos, indiferentes e interesseiros nas vantagens pessoais?
                Se nos enquadramos assim, só temos a lamentar a incrível falta de consciência patriótica. Estamos ainda adormecidos pelas paixões que escravizam...

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