Olhai a bandeira!
por Orson Peter Carrara
O notável Olavo Bilac (1865 –
1918) – jornalista, escritor e poeta brasileiro, membro fundador da Academia
Brasileira de Letras e muito conhecido por sua atenção à literatura infantil e
especialmente por sua participação cívica – é o autor da belíssima letra do
Hino à Bandeira. A música é de Francisco Braga (1868 – 1945), que foi
compositor, regente e professor.
Detenho-me, porém, na letra do
hino. Nesses tempos em que nossa bandeira está exposta com grande destaque em
virtude da Copa do Mundo, é preciso meditar sobre a importância desse valioso
símbolo oficial da República Federativa do Brasil. E de seu hino.
Apresentado pela primeira vez em
1906, a letra do hino representa um apelo vivo ao civismo, sentimento um tanto
esquecido e tão necessário a todos nós. Parece-nos que só nos lembramos dos
hinos, entre eles o incomparável Hino Nacional, em jogos de futebol e,
infelizmente, já não se canta mais o hino nas escolas, procedimento lamentável
da educação brasileira.
Estive palestrando na AFA –
Academia da Força Aérea, em Pirassununga-SP, e, ao deparar-me com o desfile dos
cadetes, ouvindo os hinos cívicos do país, detive-me na letra de autoria de
Bilac. Peço ao leitor pensar comigo em alguns trechos:
a) Salve lindo pendão da esperança!
Salve símbolo
augusto da paz
Tua nobre presença
à lembrança
A grandeza da
Pátria nos traz.
Já parou o leitor para pensar na importância e alcance
dessas afirmações? Pendão da esperança, símbolo da paz, lembrança da grandeza
da Pátria. Como podemos esquecer a querida Pátria que nos acolhe? O conjunto
harmonioso de cores e figuras geográficas reunidas na bandeira inspira-nos
realmente esperança, lembra a grandeza da Pátria...
Mais adiante encontramos essa
pérola de consciência cívica:
b) Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o
nosso dever,
E o Brasil por seus
filhos amado, poderoso e feliz há de ser!
Diante do momento difícil que o país atravessa, como está
nosso dever perante a Pátria ou só ficamos no canto do Hino Nacional em jogos
de futebol?
Essa compreensão do dever pátrio para fazermos um país
feliz e poderoso (claro que não restrito a riquezas materiais), convoca-nos a
uma consciência cívica mais intensa do que aquela que estamos vivendo.
Convido o leitor a pensarmos juntos nessa responsabilidade
individual e coletiva perante os abusos todos que temos presenciado com a
corrupção e desmandos de toda ordem, que resultam em violências e tudo mais que
estamos vendo, indicando falta de amor ao país, com total ausência de
patriotismo e civismo. Não sejamos desses que desrespeitam a nacionalidade.
Assistindo o desfile militar, pensando nas grandezas do
país, fui às lágrimas ao pensar no sentimento de gratidão que deve brotar em
todos nós diante da riqueza do país onde estamos, infelizmente ainda não no
caminho que lhe cabe. Ouvir o Hino Nacional, que comove a todos durante jogos
de futebol, deve estar em nossos corações como autêntica prece diária de
gratidão e estímulo ao trabalho em favor da Pátria. Notem os leitores que as
letras de nossos hinos revelam verdadeiros programas de ação que podem nos
inspirar e conduzir diante de tão complexos desafios da atualidade.
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