A chuva

 Orson Peter Carrara


Agradeçamos a Deus a benção da chuva que nos visita na crise que se instalou. Do poeta fluminense Casimiro Cunha, que nasceu em Vassouras-RJ no dia 14 de abril de 1880 e cujo centenário de morte comemora-se exatamente no dia 7 de novembro (faleceu em 1914), trago o lindo poema que intitula nossa matéria da semana, pelo lápis de Chico Xavier e constante do livro Cartilha da Natureza (edição FEB):

Folhas secas. Terra ardente.
Calores. Desolação.
Mas a chuva vem do céu
Trazendo consolação.
Toda semente que é boa,
Entre júbilos germina,
É a bela fecundação
Da natureza divina.
As árvores ganham forças,
Alimpa-se a atmosfera,
A verdura em toda parte
Tem cantos da primavera.
Às cidades, como aos campos,
Aos ninhos, à sementeira,
O pombo níveo da paz
Traz o ramo da oliveira.
Sopra o vento brando e amigo,
Em vagas cariciosas,
Levando a mensagem doce
Que nasce do odor das rosas.
A chuva que cai do alto
É benção que se derrama...
Na flor é orvalho celeste,
No pó do chão faz a lama.
Assim, também, os ensinos,
Que nos dão verdade e luz,
São a chuva generosa
Da inspiração de Jesus.
Cai sobre todos. No amor
É raio de perfeição,
Mas no pó da ignorância
É falsa compreensão.
Deus, porém, que é Pai Bondoso
Entre as leis universais,
Faz com que a lama produza
Sementes, flores, trigais.
*
Eis a razão pela qual
Nossa indigência produz:
Inda mesmo em nossas sombras,
O evangelho é sempre luz.


Assim como a chuva abençoada que fecunda a terra, o evangelho fecunda os corações. Na homenagem pelo centenário de morte do poeta, nossa gratidão a Deus pela chuva e o desejo permanente de sermos melhores!

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