Filho do orgulho
Orson Peter Carrara
Ele é
mesmo a causa maior das aflições humanas. Filho preferido do orgulho – essa
sensação de pretensa e tola superioridade sobre pessoas e situações – ele é a
fonte de todas as misérias deste mundo. É a negação da caridade e, por
conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens.
As
afirmações não são minhas. Transcrevi-as, adaptando-as ao início do parágrafo,
por indicarem com propriedade a causa da tensão que se estabelece nos
relacionamentos humanos e especialmente no caos político do Brasil, fato de
maior evidência nos dias da atualidade.
Vivemos
uma crise moral, fruto dessa busca desenfreada pelo interesse pessoal, não
importando os prejuízos que sejam causados aos semelhantes. Abusos e
violências, manipulações e outras tantas causas de desentendimentos e aflições
são decorrentes da presença dessa grave imperfeição moral que ainda nos
caracteriza a natureza humana.
É o
egoísmo. O egoísmo só pensa em si, desconsidera outros interesses. É o que
ocorre, o leitor poderá analisar cada situação de dificuldade e constatará a
presença desse autêntico câncer da vida moral.
Felizmente,
porém, é um estágio moral que vai passar, será
superado pelo progresso
inexorável das leis que regem a vida. Enquanto isso, vamos aprendendo por meios
das quedas e decepções criadas por abrigarmos ainda no coração as ilusões do
poder, do ter, dos abusos que ainda nos caracterizam a vida moral.
Nosso
maior esforço deverá ser o de extirpar do coração essa enfermidade da alma, que
nos leva à indiferença, que produz violência e miséria, que infelicita e que se
constitui no maior desafio de um programa de melhora moral.
O mais
interessante é que a própria vida – nas potencialidades e belezas da natureza –
vive nos presenteando com altruísmo e mesmo assim, teimamos no egoísmo. É que
esquecemos que no corpo somos mortais, embora imortais na alma, o que
fatalmente nos levará a um encontro consciencial conosco mesmo, exigindo
reparações pelos comportamentos e decisões egoístas que infelicitam, maltratam
e geram misérias de todo tipo.
Da
mesma fonte de transcrição, encontramos ainda: “(...) sem a caridade não haverá
tranquilidade na sociedade, digo mais, nem segurança (...)”. Não é
interessante, leitor? Na caridade – na expressão legítima da fraternidade,
oposto do egoísmo – encontramos as bases da tranquilidade e da segurança.
Afinal,
como pondera o autor, “(...) Com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos
dadas, haverá sempre um caminho para o mais sagaz, uma luta de interesses, onde
são pisoteadas as mais santas afeições, onde os laços sagrados da família não
são mesmo respeitados.”
Qualquer
semelhança com os dias atuais, dentro e fora da família, com ou sem política,
nas empresas, na sociedade, será mesmo mera coincidência?
As
afirmações são de Emmanuel e Pascal e constam do capítulo XI – Amor ao próximo
como a si mesmo, de O
Evangelho segundo o Espiritismo.
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