João Pedro
–
Orson Peter Carrara
Esse
novo amigo tem apenas 5 anos. Um garoto inteligente, afetuoso, que corre a me
abraçar onde me vê. Tocou-me o coração. Foi conosco, acompanhado pelos pais, a
Guaxupé (MG), num evento de grande porte – onde havia 700 pessoas –,
participando ativamente das atividades dedicadas às crianças. Foi num fim de
semana, fomos no sábado e voltamos no domingo.
Minha
participação no evento foi proferir palestra no encerramento. O tema era
dedicado ao afeto, ao cuidado que devemos ter uns com os outros, na vivência do
respeito e no esforço da fraternidade, onde se inclui naturalmente o amor e o
carinho às crianças, para que se sintam amadas, respeitadas e acolhidas. Aliás,
já se sabe, que a maioria dos casos de desequilíbrios sociais na vida adulta é
resultante de uma infância desprezada ou vivida sem amor dos pais ou
responsáveis adultos pela criança. Isso é normalmente é constatado em terapias,
onde traumas, medos e angústias tem sua origem na infância, repetindo, na
maioria dos casos.
Antes
da minha vez de assumir a tribuna para iniciar a palestra, tive um insight e
pedi autorização aos pais, sem nada combinar com o garoto e pedi aos pais nada
dissessem a ele.
Iniciei
a abordagem, desenvolvi a temática durante uns 25 minutos e, ao final, após
todas as considerações, que julguei viáveis e oportunas pertinentes ao tema,
citei que um novo amigo já estava entre nós e chamei-o pelo nome: João Pedro, venha ao palco!
Agachei-me,
abri os braços chamando-o para o abraço de dois velhos amigos. Ele veio
correndo pelo palco, na presença do imenso público, e lançou-se aos meus
braços, com a espontaneidade e alegria que é própria das crianças, que é
característica peculiar da pureza de coração.
Levantei-o
nos braços, levei-o até o microfone, colocando-o de pé sobre a cadeira para
alcançar o pedestal e fiz rápidas perguntas que ele respondeu com graça,
fazendo a emoção do público. Que cena comovente! A espontaneidade de uma
criança, onde o coração ainda não se impregnou da malícia, do melindre, da
desconfiança ou do preconceito.
Abraçamo-nos
com alegria. Encerrei a fala para dizer que na pureza infantil está, sem
dúvida, a chave da felicidade humana, o segredo para sairmos de nossas neuroses
e vencermos os quadros deprimentes da vida adulta perturbada pelas neuroses que
vamos acumulando.
Não
é por outra razão que afirmou o Mestre da Humanidade: deixai vinde a mim as
crianças, porque delas é o Reino dos Céus.
Sim,
é o reino da humildade interior, da alegria espontânea, do comportamento puro
de quem confia e não se deixa contaminar por preconceitos ou pensamentos e
posturas pré-concebidas que tantas vezes nos permitimos adotar.
É
que o afeto é capaz de construir a felicidade, dentro e fora de casa, em
qualquer lugar. Tratemos de valorizar essa grande virtude de nos tratarmos com
docilidade, com respeito, com fraternidade. Maridos e esposa, tratemos nosso
cônjuge com carinho e atenção, são eles os companheiros que a vida nos deu para
essa caminhada de aprendizado.
Abracemos
os filhos, abramos o coração aos amigos, sejamos mais afáveis uns com os
outros, construamos a fraternidade.
Sejamos
como João Pedro: espontâneos, puros de coração. Ele é uma criança, mas todos
nós podemos nos esforçar para esse comportamento.
Parabéns
aos pais! Meu abraço ao menino querido.
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