Consciência espírita
Orson Peter Carrara
Em sua Mensagem ao Leitor, constante da
apresentação do livro Conduta Espírita (1), o Espírito
André Luiz, na psicografia de Waldo Vieira, indica que são “(...) páginas com indicações cristãs para que venhamos a burilar nossas atitudes no campo espírita em que o Senhor, por acréscimo de misericórdia, nos situou os corações (...)”. E completa na mesma página: “(...) a liberdade espiritual é o mais precioso característico de nosso movimento. Entretanto, se somos independentes para ver a luz e interpretá-la, não podemos esquecer que o exemplo digno é a base para nossa verdadeira união em qualquer realização respeitável. (...)”, quase concluindo com esta bela máxima: “Da conduta dos indivíduos depende o destino das organizações”.
André Luiz, na psicografia de Waldo Vieira, indica que são “(...) páginas com indicações cristãs para que venhamos a burilar nossas atitudes no campo espírita em que o Senhor, por acréscimo de misericórdia, nos situou os corações (...)”. E completa na mesma página: “(...) a liberdade espiritual é o mais precioso característico de nosso movimento. Entretanto, se somos independentes para ver a luz e interpretá-la, não podemos esquecer que o exemplo digno é a base para nossa verdadeira união em qualquer realização respeitável. (...)”, quase concluindo com esta bela máxima: “Da conduta dos indivíduos depende o destino das organizações”.
O livro todo, como se sabe e pondera
o Espírito Emmanuel, em página psicografada por Chico Xavier e com o mesmo
título da obra, equivale a ouvir um companheiro fiel ao bom senso, pois há
preciosas orientações para o campo da atuação espírita.
A atuação espírita solicita coerência da prática com o conhecimento, levando à palavra consciência. Por definição, a palavra indica faculdade de a razão julgar os próprios atos; percepção do que se passa em nós; sinceridade; retidão; cuidado com que se faz alguma coisa, com que se executa um trabalho, etc.
Afinal, como agem os espíritas? Como
reconhecê-los? Como se distinguem daqueles que não conhecem o Espiritismo?
Permitimo-nos analisar o assunto
exclusivamente no seio de nossas instituições que agem em nome da Doutrina
Espírita, rotulando suas atividades e denominações de espíritas. Para a
vivência social, extra-muros do espiritismo, deixamos à reflexão do próprio
leitor, já que a própria consciência espírita, adquirida pelo estudo e pela
reflexão, indica os caminhos da ética e da conduta cristã.
Imaginemos se chegamos a uma cidade onde nenhum contato tenhamos e perguntarmos pelos espíritas da cidade. Quem serão? Como serão reconhecidos? Eis a questão para a reflexão do leitor.
Uma vez no interior de tais instituições, rotuladas de espíritas, no cotidiano de suas atividades, como vislumbraremos, por exemplo, um expositor? Como ele se comportará?
O foco de visão naquele que usa a
tribuna e fala em nome da Doutrina, representando a Casa no seu todo, traz
interessante fonte de estudo para o objetivo deste artigo, que, em nenhum
momento visa apresentar crítica a quem quer que seja, mas simplesmente fazer
pensar na questão.
Alguém à tribuna, como se portará?
Com a seriedade compatível com a
própria Doutrina. Esta é séria, embora não carrancuda. Mas o fato de até
estimular a espontaneidade que deve nos caracterizar, solicita cuidados com os
limites.
Expliquemo-nos. Certas expressões, determinadas palavras, especialmente as chulas e pejorativas, devem ser evitadas na tribuna espírita. Se já o deve ser em nosso cotidiano, até por uma questão de decência e educação, que dizer então quando no uso da tribuna, dirigindo-se verbalmente para um grupo de pessoas que espera o melhor de nossas palavras. Sim, pois, considerando que o objetivo do Espiritismo é o aprimoramento intelecto-moral do ser humano, toda expressão, frase, palavra que usemos, que seja para construir, elevar, moralizar.
Convenhamos que certas palavras e
expressões do cotidiano da vida humana denigrem a boa formação moral que
desejamos conquistar e transmitir às pessoas que porventura nos ouçam.
Observemos que o comentário do
Espírito André Luiz, no livro acima citado, é extremamente oportuno nessas
considerações: Da conduta dos indivíduos
depende o destino das organizações. Ampliemos a frase para o hábito, a
partir do verbo que usamos, que se vai incutir nos frequentadores e
trabalhadores de uma instituição, quando não há o cuidado com o vocabulário que
se usa em público ou nos contatos pessoais.
Prestemos atenção também a uma das
definições do dicionário: cuidado com que se faz alguma coisa. Ora, é
exatamente esse cuidado, na escolha das expressões, que educa o ambiente.
E claro que isto não é exclusivo com
o uso verbal, mas estende-se a toda e qualquer atividade, qualquer que seja ela
em sua execução nas instituições espíritas.
Este cuidado, esta conduta,
aproveitando-nos das duas definições acima referidas, são pontos norteadores
para nossas ações, verbal ou não.
Este cuidado, esta conduta, devem estar coerentes com a própria índole doutrinária do Espiritismo: seriedade, bondade, afeto, respeito, solidariedade, discrição, caridade enfim... Ora, é a consciência espírita, a perfeita identificação da proposta assimilada.
Como conciliar comportamentos
inconvenientes de quem conhece?
Nestes casos surge a oportunidade da
compreensão para quem entende que não houve ainda a assimilação doutrinária
daqueles que agem de forma incoerente, mas fica evidente que os prejuízos são evidentes,
especialmente para aqueles que tomam os primeiros contatos com o Espiritismo e
constatam a vulgaridade de ações impensadas e inconscientes.
Somos responsáveis pelas sementes que
semeamos nos corações alheios, nos exemplos que transmitimos aos que nos
observam ou nas palavras que proferimos para denegrir, e mesmo contribuir
para o relaxamento dos esforços pela moralização e espiritualização da condição
humana.
Prestemos, pois, muita atenção, no
que fazemos, como fazemos.
Influenciamo-nos mutuamente. E já que
aqui estamos para aprender e progredir, é melhor seguir os caminhos da
coerência que solicita ações e verbo compatíveis com o que já sabemos.
Quando, porém, surgirem dúvidas de
como agir, uma consulta ao extraordinário livro Conduta Espírita, indicará
comportamentos compatíveis. Se a definição da palavra consciência já é de toda
tão expressiva, imaginemos qualificada com o adjetivo espírita??!!
A chave toda da questão está no comentário
de André Luiz, referido no primeiro parágrafo acima: o exemplo digno é a base
para nossa verdadeira união em qualquer realização respeitável. Dignidade, eis
a palavra! Até mesmo nas expressões verbais.
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