Recorte de jornal
– Orson Peter Carrara
Um amigo carioca envia-me
virtualmente um recorte de jornal com o título “Pesquisa” e o seguinte texto:
“A ONU resolveu fazer pesquisa em
todo mundo. Enviou carta ao representante de cada país com a pergunta: Por favor,
diga honestamente qual é a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto
do mundo. A pesquisa foi um grande fracasso. Por que? Todos os países europeus
não entenderam o que era escassez. Os africanos não sabiam o que era alimento.
Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações sobre o que era opinião.
Os argentinos mal sabem o significado de por favor. Os norte-americanos nem
imaginam o que significa resto do mundo. O Congresso Brasileiro está até agora
debatendo o que é honestamente.”
Claro que o texto é uma montagem
humorada e ao mesmo tempo dramática das diferenças culturais do planeta e
também da enorme distância moral que distingue os países, por força de hábitos,
condicionamentos, governos, etc. e até mesmo da indiferença com que muitas
vezes nos tratamos uns aos outros, inclusive coletivamente, no desrespeito a
outras pátrias.
O texto também é uma alfinetada
na drástica crise moral que atinge o Brasil, com a situação vigente de
desequilíbrio político, oriundo da ausência de moralidade no comportamento, que
não é só político, é geral, denotando a urgência da melhora individual que
resulte no bem coletivo para a Pátria.
A ironia quanto aos outros países
citados igualmente é uma declaração aberta de posicionamentos que tem
caracterizados as culturas de diferentes nacionalidades nessa imensidade de um
planeta em reviravolta que tenta encontrar-se a si mesmo, face às ilusões que
ainda nos permitimos, como cidadãos, seduzidos pelo poder, sem perceber a
transitoriedade de nossos efêmeros valores materiais, ainda que necessários.
Felizmente o “fundo do poço tem
molas” e nos devolverá à superfície de nós mesmos até que aprendamos o respeito
mútuo e a solidariedade, valores vitais para a harmonia social. Sem eles, vemos
a miséria e a violência – em todos os ângulos cruéis com que ela se apresenta –
e todos os seus lamentáveis desdobramentos, frutos mesmo do egoísmo, da
vaidade, do orgulho que ainda nos caracteriza a condição humana.
Mas as lições vão modificando a
mentalidade, pois o progresso é inevitável. Se somos refratários ou rebeldes
aos aprendizados de aprimoramento intelecto-moral, a vida e suas perfeitas leis
nos colocarão no caminho que precisamos.
Esse aspecto de determinismo do
progresso, pois que lei, é fator de muita esperança, alívio e entusiasmo para
alterar a situação precária que ainda nos encontramos no convívio social. Ele
nos convida à mudança, à alteração de paradigmas, traça com clareza objetivos a
serem traçados e alcançados e melhor, orienta o caminhar, mostrando que a única
alternativa de felicidade real é o amor que se expressa por meio da gentileza,
da atenção, da honestidade, da solidariedade.
Somos convidados a agir com
bondade e determinação nesse objetivo, usando a confiança em Deus e a
resignação como instrumentos que devemos assimilar em nós mesmos,
indispensáveis para a segurança que nos faz avançar destemidos.
Por isso, a realidade imortalista
(somos criaturas imortais) da vida ainda é a grande causa capaz de modificar os
corações humanos. A ausência dessa noção vital é a responsável pelos tristes
quadros ainda vivenciados pela humanidade, especialmente os morais, que geram
os demais.
O fato da assimilação de que não
somos o corpo, estamos nele temporariamente em experiências de aprendizado,
modificará o panorama social, destruindo o materialismo. Esse o grande desafio
a ser levado adiante, para o qual todos somos convidados: viver no planeta,
sim, mas com a consciência de que aqui estamos temporariamente e os apegos
todos serão dolorosos quando chegar a hora de partir...
E já que a vida é imortal e todos
nos reencontraremos com a própria consciência, o grande juiz incorruptível, é
melhor cuidarmos de andar na linha desde já. Não por ameaça ou medo, mas por
consciência de seres que já compreenderam que a vida atual não é um passeio,
mas uma valiosa oportunidade de aprendizado, onde devemos respeitar e agir com
decência, vivendo em harmonia interior e auxiliando-nos mutuamente na superação
das dificuldades que todos temos, não importa a idade, a raça, a nacionalidade,
o nome, o cargo, a profissão, a crença ou qualquer outra diferença que
queiramos nominar.
Somos filhos da mesma origem e devemos conquistar o futuro de felicidade que nos está reservado com os esforços continuados nas experiências que a vida vai oferecendo.
Somos filhos da mesma origem e devemos conquistar o futuro de felicidade que nos está reservado com os esforços continuados nas experiências que a vida vai oferecendo.
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