Pedra angular
– Orson Peter Carrara
O raciocínio lúcido do
Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, sempre presente e atualizado frente
aos desafios enfrentados pela sociedade humana, uma vez mais nos oferta a
qualidade do pensar imparcial e objetivando o bem geral. O texto que o leitor
vai ler abaixo, em transcrição parcial, é um verdadeiro roteiro de entendimento
frente às adversidades da atualidade.
Apresenta-se até como solução para tais desafios, sempre crescentes e
agravados por contínuas situações que parecem insuperáveis. Mas o raciocínio do
autor é muito claro e faz perceber o quanto deixamos de lado os verdadeiros
valores que regem a vida humana.[
Acompanhe comigo:
Acompanhe comigo:
"(...) 17 - A fraternidade deve ser a pedra angular da nova ordem social; mas,
não há fraternidade real, sólida, efetiva, se não estiver assentada sobre uma
base inabalável; essa base é a fé, não a fé em tais ou tais dogmas
particulares, que mudam com os tempos e os povos e que se apedrejam mutuamente,
porque, em se anatematizando, alimentam o antagonismo; mas a fé nos princípios
fundamentais que toda o mundo pode aceitar: Deus, a alma, o porvir, O PROGRESSO
INDIVIDUAL, INDEFINIDO, A PERPETUIDADE DAS RELAÇÕES ENTRE OS SERES. Quando
todos os homens estiverem convencidos de que Deus é o mesmo para todos, de que
esse Deus, soberanamente justo e bom, não pode querer nada de injusto, que o
mal vem dos homens e não dele, se considerarão como os filhos do mesmo Pai e se
estenderão as mãos. (...) Com tal pensamento, onde estão realmente os direitos
e os deveres? Qual é o objetivo do progresso? Somente essa fé fez o homem
sentir sua dignidade pela perpetuidade da progressão de seu ser, não em um
porvir mesquinho e circunscrito à personalidade, mas grandioso e esplêndido:
este pensamento o eleva acima da Terra; se sente crescer sonhando que possui
sua parte no universo; que esse universo é seu domínio que ele poderá percorrer
um dia, e que a morte não fará dele uma nulidade, ou um ser inútil a si mesmo e
aos outros.
18- O progresso intelectual
realizado até este dia nas mais largas proporções, é um grande passo, e marca
uma primeira fase da Humanidade; mas sozinho é impotente para regenerá-la;
enquanto o homem estiver dominado pelo orgulho e o egoísmo, utilizará sua
inteligência e seus conhecimentos para proveito de suas paixões e de seus
interesses pessoais; por isso que os aplica no aperfeiçoamento de meios de
prejudicar os outros e de se destruir entre si.
19 - Somente o progresso moral
pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, colocando um freio às paixões
más; somente ele pode fazer reinar entre os homens a concórdia, a paz, a
fraternidade. É ele que derrubará as barreiras entre os povos, que fará cair os
preconceitos de casta e calar os antagonismos de seitas, ensinando os homens a
se considerarem irmãos chamados a se auxiliarem mutuamente e não a viver à
custa uns dos outros. Será ainda o progresso moral, secundado aqui pelo
progresso da inteligência, que reunirá os homens numa mesma crença estabelecida
sobre as verdades eternas, não sujeitas a controvérsias e, em por isso, aceita
por todos.(...)”.
O texto continua, mas fica longo transcrever aqui na íntegra. Está no
livro A GÊNESE, que o leitor não terá dificuldade em encontrar. Exatamente no
capítulo XVIII, itens 17 a 19.
A fraternidade, indicada com pedra angular de uma nova ordem social, é a
virtude a que devemos nos empenhar para alcançar. Sem ela todos os nossos
esforços estarão manchados pelo câncer social do egoísmo, verdadeiro tumor
maligno das relações sociais, gerador de todos os conflitos em andamento na
sofrida humanidade.
Na transcrição parcial acima apresentada, omitimos propositalmente um
trecho para usar como conclusão. É o último parágrafo do item 17: “(...) É esta
fé que o Espiritismo dá e que será doravante o eixo sobre o qual moverá o
gênero humano, quaisquer que sejam o modo de adoração e as crenças
particulares”.
Muito expressivo lembrar a fé raciocinada, citada no parágrafo em
destaque, e especialmente o uso da expressão “o eixo sobre o qual moverá o
gênero humano”, independente do modo de adoração e das crenças, como ali
constante. É o eixo da fraternidade, que modifica totalmente as relações
humanas, quando entendida e devidamente vivida.