Atordoados, anestesiados, sofridos
Tivemos a oportunidade de entrevistar um membro do Conselho
Diretor do conhecido CVV, instituição que disponibiliza plantões telefônicos
para ouvir os dramas humanos e de alguma forma ajudar criaturas em situações
difíceis. Antonio Carlos Braga dos Santos é espírita há 30 anos, nasceu e
reside na capital paulista, é economista, vincula-se à Aliança Espírita
Evangélica e sensibilizado por capítulo específico do livro Memórias de um
Suicida (edição FEB, de Yvonne Pereira) e especialmente pelo grande flagelo social
do suicídio, respondeu-nos entre outras, perguntas sobre o enfrentamento
natural que precisamos conquistar para tratar do doloroso tema e também sobre a
questão das mortes repentinas, acidentais ou de outras causas que sempre
surpreendem a vida humana. Acompanhe as duas respostas selecionadas:
(...)
3 - Na experiência de prevenção
com pessoas no caminho do suicídio, o que gostaria de relatar?
Primeiro o tema suicídio precisa
sair das sobras, precisa da luz do esclarecimento, retirarmos o medo e o tabu.
Precisamos falar abertamente sobre o assunto. O CVV é a referência no Brasil,
seu trabalho precisa ser divulgado, seu conhecimento de mais de 50 anos de
experiência precisa ser difundido. A prevenção começa com o esclarecimento. Há
20 anos não falávamos “Câncer” mas "aquela doença”. Uma intensa campanha
de prevenção ao câncer de mama tomou conta do Brasil e do Mundo. Foi
esclarecido que câncer de mama pode ser identificado e tratado.
O mesmo precisa ser feito com o
suicídio. Não é uma doença, mas 90% das pessoas que cometem suicídio estão
vivendo um transtorno mental sendo a depressão o de maior prevalência. Por isso
que a OMS fala que a suicídio é um questão de saúde pública e pode ser
prevenido.
4 - E no atendimento aos
espíritos que exterminaram a própria vida, o que mais lhe chama atenção?
O sofrimento emocional que viviam
antes do ato se soma agora ao tormento por não entender o estado em que se
encontram, tiraram a própria vida, mas continuam vivos. Estão atordoados,
anestesiados, impossibilitados de até perceber a ajuda dos irmãos espirituais
em seu favor. Nos chamou a atenção que não são somente os espíritos de suicidas
a serem socorridos, mas todos aqueles vítimas de mortes violentas. Acidentes,
catástrofes, homicídios, guerras e conflitos. São milhões de almas em
desespero, dor e sofrimento.
Nosso
entrevistado organizou a cartilha SUICIDIO – UMA EPIDEMIA SILENCIOSA, que está
disponível gratuitamente para download no site www.idelivraria.com.br . Objetivo é sensibilizar grupos a se unirem para vibrar em
favor dessas pessoas vitimadas fatalmente por essas situações para atenuar-lhes
o desalento, a perturbação.
É uma tarefa
que todos podemos fazer, em auxílio de assistência a esses irmãos em dificuldade.
Todos podemos ajudar.
Orson Peter Carrara