Largo equívoco
– Orson Peter Carrara
Os comportamentos lamentáveis que
povoam a mídia nacional, diariamente, decorrentes de atos indecorosos – bem
distantes da dignidade que deve nos caracterizar como seres humanos racionais
–, onde se incluem a violência em larga escala, as extorsões de todo tipo, a
corrupção e seus infelizes desdobramentos, com total descaso pelos autênticos
valores da vida humana, traduzem um largo equívoco de uma mentalidade coletiva
construída e incentivada pelo materialismo, pelo egoísmo, pela vaidade ou pela
ganância.
Indiferença, omissão, ganância,
sedução pelo poder e escravidão à posse, com total alheamento às mínimas noções
do dever – aí incluídos os deveres inclusive com a pátria, com o semelhante,
com a vida, com o cargo, autoridade ou atribuição que se está investido –
significa em última análise plantio de aflições para o futuro, cuja colheita é
absolutamente obrigatória.
Os velhos ditados e ensinos sobre
semeadura e colheita não são apenas poéticos. Refletem a realidade da lei que
rege a vida e que outra não é senão a Lei de Amor.
Medir o momento atual por
critérios econômico ou político, de poder ou de posse, é pequenez de
raciocínio. Esses são fatores secundários. O principal aspecto a ser
considerado como objetivo de vida, é moral. A ausência dela é a causadora do
caos que se verifica.
Os que se dedicam a atos lesivos –
de qualquer grau, natureza, alcance ou gravidade – não supõem que um dia terão
de se reparar moralmente perante si mesmos? Ou que todo prejuízo causado a si mesmo
ou a terceiros gerará sempre efeitos desastrosos e normalmente de difícil e
penosa reparação?
Não percebemos ainda que quando
desequilibramos um ponto – qualquer que seja – isso gerará consequências?
Tenhamos cuidado, prudência. A
lei que nos rege é de amor! Aprendamos a respeitar a vida para que tenhamos
equilíbrio, harmonia e paz no dia a dia da vida, cujo objetivo é justamente a
felicidade de todos, sem quaisquer aspectos de privilégio, preferência ou
vantagens sem méritos.
São ilusórias as descabidas
pretensões de domínio, ganância ou poder, ganhos fáceis ou tolas vaidades. A
vida material é muito frágil e curta e o corpo nada mais é que uma veste que
gradativamente apodrece. Prevalece sobre todos os interesses a vida moral, esta
sim permanente, contínua, geradora de felicidade quanto pautada no bem e no
cultivo das virtudes, com esforço para sermos melhores. Tudo isso por uma
simples razão sempre esquecida: não somos o corpo, estamos nele. A vida é
imortal e sempre nos depararemos com a nossa própria consciência. Respeitemos a
vida, pois, para termos felicidade que advém da paz de consciência.